Gouveia e Melo favorável à constituição de reservas militares até aos 50 anos

O almirante Gouveia e Melo, candidato ainda não assumido à presidência da República, disse esta manhã, à margem de um seminário da Porto Businees School (PBS) sobre  ‘What’s Next’ que é a favor da organização “de uma reserva do exército” até aos 50 anos, que esteja disponível para entrar em ação se se der o caso de ser necessário. Esta medida é uma alternativa à possibilidade do regresso do recrutamento obrigatório – que está cada vez mais na ordem do dia. Gouveia e Melo disse ainda que não há alternativa ao investimento na defesa da Europa: “não há outra opção” face aos condicionalismos geoestratégicos que se colocam aos europeus.

E lembrou, pr outro lado, que o investimento em defesa – ou mais propriamente na indústria da defesa – é um fator economicamente relevante, capaz de gerar dividendos substanciais. É essa lógica, disse, que o investimento na indústria da defesa não substitui nem impede a existência de um Estado social ou a capacidade de investimento nas outras áreas essenciais, como a saúde ou a educação. “Fazemos estes investimentos para preservarmos o Estado social que todos queremos”, concluiu.

Antes destas declarações, e no âmbito da sua intervenção no seminário da PBS – e sob o tema geral da prestação da Marinha portuguesa nos capítulos da inovação e do desenvolvimento militar – Gouveia e Melo disse temer que a maioria do ‘bolo’ de 800 mil milhões de euros criado pela Comissão Europeia para relançar a indústria da defesa e a segurança dos 27, “fique em grande parte nos países da Europa central e não chegue aos países periféricos. Vale a pena recordar que , dos 800 mil milhões, apenas 150 mil milhões são a parte que a Comissão vai garantir – ficando o grosso dos investimentos a cargos dos Estados-membros, com já previstas formas de rodear os problemas orçamentais daí decorrentes.

Algures durante as suas declarações à margem da iniciativa da PBS, Gouveia e Melo teve oportunidade de estar na escola para falar sobre inovação na Marinha e não para desfazer o ‘tabu’ sobre se será ou não candidato à presidência da República. Para todos os efeitos, a sua presença neste tipo de iniciativas surge da evidência da perceção que o militar criou sobre essa matéria.