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“Governance faz a diferença entre uma estratégia eficiente de ESG e uma desgarrada”

“Sem termos uma boa governança, a probabilidade de sermos bem sucedidos nas outras duas dimensões é muito menor”, argumentou Pedro Cruz, colocando como um dos principais desafios nesta área “garantir que [sustentabilidade] não é uma pista separada, desalinhada do resto do negócio”.
ESG
© Cristina Bernardo
4 Junho 2024, 10h28

Apesar de ser o aspeto frequentemente menos frisados dos critérios de avaliação social, ambiental e de governance (ESG), a governança de uma empresa pode ser o fator diferenciador de uma estratégia eficiente de sustentabilidade, defende Pedro Cruz, responsável pela área na KPMG Portugal. Apesar da complexidade do tema, que obriga a investimentos cada vez mais específicos, os ganhos são crescentemente mais óbvios para as empresas, que passam a olhar para a questão como uma oportunidade, em vez de um desafio.

“A governance tem sido o parente pobre, mas, sem termos uma boa governance, a probabilidade de sermos bem sucedidos nas outras duas dimensões é muito menor”, começou por argumentar Pedro Cruz, ESG Coordinator Partner da KMPG Portugal, na conferência do JE sobre o tema de ESG.

Como tal, “o tema da governance faz a diferença entre ter uma estratégia eficiente e uma completamente desgarrada” de prioridades ESG, defendeu.

Este é um dos principais desafios na implementação de uma estratégia de sustentabilidade, bem como “garantir que não é uma pista separada, desalinhada do resto do negócio”, continuou. Esta é uma realidade particularmente desafiante nas empresas de menor dimensão, onde os custos assumem uma relevância superior e a especialização dos recursos humanos dificulta a promoção destas prioridades.

Por um lado, “são precisas pessoas com skills muito diferentes” e “cada vez mais específicas”, dada a panóplia de dimensões a que se aplicam as diretivas de sustentabilidade, destaca Pedro Cruz; por outro, a própria questão da sustentabilidade e a linguagem utilizada ficam frequentemente fora da esfera dos microempresários, que muitas vezes “não sabem sequer por onde começar”.

Ainda assim, “há também PME que estão a olhar para este desafio, mas sobretudo do lado das oportunidades”, até porque “a inação não é uma opção”. Em particular, e dado o endividamento das empresas nacionais, “o custo de financiamento é muito importante” e essa será uma via pela qual o assunto pode assumir uma relevância maior junto das empresas nacionais.

Lembrando as multas que o Banco Central Europeu (BCE) deve começar a aplicar nos bancos que não incorporem critérios ESG na sua análise de crédito, Pedro Cruz lembra o peso que isto pode ter na estrutura de custos das empresas, argumentando que 1% de diferença no spread acaba por fazer uma diferença considerável para uma PME. Acresce a isto o prémio que os consumidores europeus estão dispostos a pagar por produtos sustentáveis, que chega em média a 20%, e torna-se mais fácil que “toda a gente dentro da empresa perceba que o tema é importante”.

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