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Governo de Merkel terá sido informado da fraude na Wirecard há mais de um ano

Regulador financeiro alemão terá reportado potencial manipulação nas contas da tecnológica ao Ministro das Finanças há quase ano e meio. Chanceler sacode responsabilidades para Ministro e quer tornar públicas as informações que este recebera sobre o caso
17 Julho 2020, 16h15

A Autoridade Federal de Supervisão Financeira alemã, mais conhecida por BaFin, já tinha informado o ministro das Finanças do país, Olaf Scholz, sobre a potencial manipulação das contas da Wirecard em fevereiro do ano passado, reporta a Bloomberg. Passado quase um ano e meio, a empresa alemã que ambicionava liderar o mercado dos pagamentos digitais a nível mundial colapsou.

A BaFin alertou das suas suspeitas relativas à falsificação da contabilidade e informou o ministro que abriria uma investigação. Scholz já negou qualquer participação direta no escândalo da Wirecard, enquanto que o seu adjunto, Joerg Kukies, confirmou na passada quarta-feira ter-se reunido duas vezes com o então diretor executivo da empresa, Markus Braun, no final do ano passado.

Entretanto, a Wirecard virou uma vergonha nacional, depois de chegar a ser apontada como o símbolo de uma Alemanha moderna e de uma transformação digital da economia do gigante europeu. O escândalo contabilístico tem manchado a reputação do Governo alemão, com a Chanceler Merkel a tentar conter as repercussões políticas, apontando as responsabilidades a Scholz. Fontes próximas da chancelaria informaram que a informação na posse do Ministro das Finanças será tornada pública em breve.

A Wirecard tornou-se num escândalo e uma fonte de vergonha para a Alemanha quando, no passado mês de junho, foi revelado um buraco de 1,9 mil milhões de euros, quantia que a empresa veio a admitir “provavelmente não existir”. A queda da empresa, que era um dos orgulhos empresariais nacionais, desencadeou uma tempestade política e institucional, com o regulador do sistema financeiro no centro das críticas por não ter detectado a fraude nas contas da companhia e defendido os interesses dos accionistas. Felix Hufeld, o presidente do BaFin, já reconheceu a responsabilidade da instituição que lidera na falha que permitiu que a fraude massiva que ocorria na Wirecard passasse despercebida, mas defendeu também uma investigação aos investidores que haviam adquirido posições short pouco antes da queda da empresa.

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