Numa altura em que o rei Juan Carlos se encontra na Zarzuela com Felipe VI, antes de regressar a Abu Dhabi, o governo espanhol lamentou a oportunidade perdida pelo emérito de dar explicações e “pedir perdão” aos espanhóis, devido às irregularidades que o Ministério Público atribuiu à sua fortuna no estrangeiro.
“Nestes dias de visita, o rei Juan Carlos perdeu a oportunidade que os espanhóis esperavam de dar explicações e pedir perdão”, disse a porta-voz do executivo espanhol, Isabel Rodríguez, segundo o “La Vanguardia”.
De recordar que no final da semana passada o rei emérito Juan Carlos chegou a Espanha de visita e participou numa regata em Sanxenxo, depois de estar dois anos a viver em Abu Dhabi.
“Sem dúvida, perdeu a oportunidade que a sociedade espanhola merece, mas também a democracia”, insistiu Rodríguez sobre Juan Carlos. “Devia ter aproveitado esta visita, esta presença no nosso país, para dar conta daquelas ações que conhecemos durante este tempo e que não são compatíveis com a natureza exemplar e transparência que se exige de uma instituição como a Casa del Rey”, repreendeu a porta-voz do Executivo.
Isabel Rodríguez aproveitou também para elogiar a postura de Felipe VI e diferencia-lo do pai. “Felizmente, hoje o rei Felipe VI está a fazer um formidável exercício para recuperar aquela essência que deve prevalecer numa instituição do Estado”, destacou Rodrígues.
Para o governo espanhol “o rei Felipe VI está a fazer de tudo o que tem de fazer, e quem não está a fazer o que é suposto é o rei emérito”.
Apesar das críticas a Juan Carlos, a porta-voz do executivo não quis apontar os danos que a atitude de Juan Carlos nesta viagem teria causado à figura do próprio Felipe VI.
“Isto prejudica, sem dúvida, a imagem do rei Juan Carlos. Por isso, acho que perdeu aquela oportunidade de dar explicações aos espanhóis que valorizavam o seu trabalho à frente da Casa del Rey em tempos complicados de transição para a democracia no nosso país”.
“São espanhóis que acreditaram nele e ficaram desapontados com os atos antiéticos e exemplares que foram demonstrados durante este tempo e pelos quais ele deveria ter se desculpado”, acrescentou ainda Isabel Rodríguez.
Também o ministro da Política Territorial criticou a exibição pública que a viagem de Juan Carlos a Espanha implicou, lembrando que o próprio emérito prometeu em carta a Felipe VI manter privados os seus regressos ao país.
A 3 de agosto de 2020, o rei emérito comunicou ao seu filho Filipe VI a sua “decisão ponderada de sair da Espanha” e deixou de residir no Palácio da Zarzuela, onde vivia há 58 anos. A sua decisão sucedia as investigações iniciadas pelos promotores suíços e espanhóis sobre os supostos fundos de Juan Carlos sediados em paraísos fiscais.
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