O primeiro-ministro italiano Giuseppe Conte suspendeu este sábado as propostas para uma ligação ferroviária de alta velocidade a França, acabando assim com a disputa dentro da coligação entre a Liga e o Movimento 5 Estrelas, revela a agência “Reuters”.
O projeto multimilionário designado por Comboio de Alta Velocidade (TAV na sigla italiana) e que ameaça derrubar o Governo, é apoiado pelo partido Liga de Matteo Salvini, mas tinha a forte oposição do parceiro de coligação, do Movimento 5 Estrelas, liderado pelo vice-primeiro-ministro, Luigi Di Maio.
As tensões entre os dois lados aumentaram antes do prazo desta segunda-feira altura em que a TELT, a empresa que supervisiona o projeto, iria iniciar as licitações para a realização dos trabalhos.
Luigi Di Maio defende que o financiamento italiano teria um melhor aproveitamento na reconstrução de estradas e pontes.
O primeiro-ministro Giuseppe Conte escreveu na sua conta do Facebook que pediu à empresa TELT que suspendesse as licitações, já que o seu Governo tinha-se comprometido a “re-discutir totalmente” o projeto.
Giuseppe Conte afirmou também que a Itália vai manter as conversações com a França e a União Europia à luz de uma recente análise de custo-benefício encomendada pelo Governo italiano, que descobriu que o TAV era um desperdício de dinheiro público.
O vice-primeiro-ministro Luigi Di Maio, que é líder do Movimento 5-Star, disse também no seu Facebook que esta disputa estava a “ser resolvida positivamente”. “Vamos falar de outra coisa e continuar”, escreveu.
O TAV fará a ligação entre as cidades de Turim e Lyon com um túnel de 58 km através dos Alpes, onde os trabalhos já começaram. A UE comprometeu-se a financiar até 40% dos custos do TAV, a Itália até 35% e a França até 25%.
O ministro de transportes de Itália, ligado ao Movimento 5 Estrelas coloca o preço total da obra em mais de 20 mil milhões de euros. Uma autoridade da União Europeia afirmou à “Reuters” que o projeto poderá perder até 300 milhões de euros de fundos da UE se as licitações não forem lançadas até o final de março.
A disputa entre a coligação intensificou-se na noite de quinta-feira, havendo mesmo o risco de uma queda do Governo, com Luigi Di Maio, a acusar Matteo Salvini de agir de forma irresponsável, insistindo que o projeto da ligação ferroviária deveria ter continuidade.
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