O Governo anunciou esta quinta-feira que não exclui a possibilidade de vir a reverter a privatização dos CTT, tal como propõem os partidos da esquerda. O ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, defende que devem ser acautelados os “interesses do povo português”, que não foram salvaguardados na privatização dos CTT, mas avisa que “há muito caminho a percorrer”.
“Não excluímos a medida que o PCP, BE, PEV e, porventura, o PAN defendem. Não excluímos. Há, no entanto, um trabalho importante para nós desenvolvermos que permita acautelar os interesses do povo português, que não foram acautelados nem pela privatização nem pelo contrato de concessão”, afirmou Pedro Nuno Santos, no debate parlamentar sobre “a crise no serviço postal e a recuperação do controlo público dos CTT”, marcado do grupo parlamentar do BE.
A comissão parlamentar de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação está a discutir dois projetos de lei (um do BE e outro do PCP) e quatro projetos de resolução (um do BE, PCP, PEV e outro do PAN) que deram entrada na Assembleia da República. À exceção do PAN, os partidos insistem na nacionalização dos CTT, através da dispersão de capital em bolsa.
Já o PAN, que não se opõe à reversão da privatização dos CTT, pede ao Governo que “assegure uma participação determinante do Estado no capital social dos CTT” para garantir “uma gestão que assegure a qualidade do serviço e a salvaguarda do interesse dos cidadãos”.
Pedro Nuno Santos disse que a privatização não foi “bem feita” e “é um problema” que deve ser resolvido porque a “alteração societária radical” de que a empresa foi alvo em 2013 “provocou perturbações sérias na vida da empresa”. O ministro acredita que ainda há “muito caminho para percorrer” no que toca à privatização dos CTT e de outras empresas anteriormente públicas “que foram feitas foram erradas e o povo está a pagar da pior maneira”.
“Obviamente que, em matéria de densidade, se pusermos condições ao nível de cobertura do território ou ao nível de qualidade mais ambiciosos do que aqueles que estavam no início da concessão, se garantirmos, através da concessão melhor relação com as autarquias locais, estamos a dar um grande contributo”, defendeu o ministro do Governo de António Costa.
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