A circulação da Covid-19 em simultâneo com o vírus da gripe, que todos os anos provoca enchentes nas urgências, está entre o que mais preocupa os especialistas, pela pressão que irá exercer sobre o Sistema Nacional de Saúde (SNS).
De acordo com a notícia avançada pelo “Expresso”, esta sábado, o Ministério da Saúde está agora a ultimar o “plano de ataque” para o outono/inverno, depois de ter reunido com todos os hospitais e Administrações Regionais de Saúde. O gabinete de Marta Temido anuncia algumas das medidas, como a antecipação já para o início de outubro da vacinação contra a gripe sazonal, com prioridade para os profissionais de saúde e funcionários de lares.
Para além disso, o jornal avança que está ainda a ser equacionado o seu alargamento, gratuito, a grávidas e novos grupos de risco que ainda vão ser divulgados. No total, foram adquiridas dois milhões de doses, mais 38% do que em 2019.
Os receios de um enorme afluxo de testes surgem com a semelhança de sintomas entre os dois vírus, o que pode atrasar a divulgação dos resultados. Por isso, um dos pilares do plano será também “a expansão da capacidade da rede de laboratórios para diagnóstico do SARS-CoV-2”, o que exige um investimento de 8,4 milhões de euros, segundo o Ministério. E para assegurar a disponibilidade de kits de testagem, extração e zaragatoas, a Reserva Estratégica Nacional será monitorizada diariamente.
Parte do plano passa também pela reorganização da Rede Nacional de Medicina Intensiva, onde vai ser reforçado o número de camas, através de obras de ampliação, reorganizado as salas de espera, refeitórios e outros espaços comuns dos hospitais, para reduzir capacidades e garantindo a proteção dos profissionais. Estes, também poderão passar a um regime de teletrabalho para “diminuir a exposição das equipas”, informa o jornal.
Quanto ao número de profissionais de saúde, o ministério diz ao “Expresso” que “está munido dos instrumentos legais que lhe permitirão, em matéria de recursos humanos, fazer face a um aumento da procura de cuidados de saúde”. Desde o início deste ano foram contratados mais 1328 enfermeiros e que mais o serão até setembro.
Ao jornal, o especialista Manuel Carmo Gomes explica que entre outubro e fevereiro Portugal estará sob grande risco, altura em que se registará uma subida exponencial de casos no SNS: uma média de 60 hospitalizações por dia, ao longo de três ou quatro semanas, deverá resultar num pico entre 900 a 950 internamentos em simultâneo, dos quais 15% em cuidados intensivos, adianta o perito. Ainda assim, esse pico ficaria distante dos mais de 1200 internamentos registados entre final de março e início de abril.
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