O MAAT – Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia – foi ontem inaugurado, de forma oficial, às 18h30 com a presença do Presidente da República e do primeiro-ministro de Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa encabeçavam uma extensa lista de convidados que conheceram, em primeira mão, o novo museu da cidade de Lisboa, um espaço lindíssimo que se quer aberto à cidade e ao rio.
As festividades a sério arrancam hoje, com uma programação de 12 horas de concertos, performances e visitas guiadas, entre as 12h00 e as 24h00. As expetativas geradas pelo Museu da Fundação EDP são elevadas e só na página de Facebook do MAAT existem mais de 260 mil pessoas a confirmarem a visita para hoje. “Queremos receber todas as pessoas, mas esperemos que não venham todas ao mesmo tempo, se não temos um problema logistíco, confessava Miguel Coutinho, diretor geral da Fundação EDP, sob cuja alçada recai o MAAT.
O MAAT é um edifício diferente, orgânico e fluido, o oposto das linhas e ângulos retos das grandes obras públicas, como o CCB ou o Museu dos Coches, ali ao lado. Mas o MAAT também não é uma obra pública, mas um investimento de uma empresa privada, a EDP, que colocou cerca de 20 milhões de euros num espaço para toda a cidade.
Um valor elevado mas que o próprio presidente da EDP relativiza: “São 0,6% do investimento da EDP no período que demorou a ser construído”, ou seja, três anos.
O edifício está perfeitamente integrado naquela zona ribeirinha e sobretudo com o Museu da Eletricidade ao lado, do qual funciona como complemento. Está virado para o Tejo mas talvez mais importante, está aberto para o casario da velha Lisboa. “É um espaço único precisamente porque tem esses dois lados” acrescenta Pedro Gadanho, o diretor do museu. “É um edifício de diálogos”, acrescenta António Mexia, “de diálogo entre as várias disciplinas – arte, arquitetura e tecnologia – mas também entre o rio e a cidade”.
Quando estiver finalmente completo, anda falta terminar as obras nos jardins circundantes, o MAAT terá sete vezes mais espaço exterior do que interior. E toda essa área está aberta à população, que pode já visitar o magnífico telhado que, apesar de “baixinho” – tem no seu ponto mais alto nos 12 metros de altura – “é um miradouro para a cidade”.
Inédita é também a política de preços. Cada entrada custa 5 euros por pessoa – pelo menos até Março de 2017, depois dessa data é provável que aumente – mas está também disponível um cartão de membro por 20 euros anuais, que permite acesso total a todas as exposições para o membro e um acompanhante. Além disso os menores não pagam, é gratuito até aos 18 anos.
O edifício ficou a cargo do gabinete de arquitetura de Amanda Levete – AL_A – escolhida pela sua experiencia na renovação do Victoria & Albert Museum em Londres e mais precisamente por representar essa tendência tão em voga que é a arquitetura orgânica, de linhas mais fluidas e integradas na paisagem. A arquiteta explicou como se apercebeu muito rapidamente “que o edifício teria de ser baixo” para não se sobrepor ao Museu da Eletricidade, um nobre representante da arquitetura industrial praticamente centenário. “E que teria de maximizar a luz de Lisboa”, conseguido recorrendo a azulejos que refletem a luz do sol de uma forma impar: consoante a altura do dia, o edifício pode ser branco, prateado ou dourado. Apesar dos azulejos serem fabricados por uma empresa espanhola – a mesma que trabalhou com Gaudí na Sagrada Família – a sua presença é um piscar de olhos ao “tradicional português”, o que é ainda mais evidente na utilização de Pedra de Lioz na grande sala oval da entrada. Exclusiva da zona de Lisboa, a pedra pode ser admirada noutros edifícios vizinhos, como o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém.
O MAAT ainda não está totalmente terminado. “É habitual, nos museus do mundo, abrirem-se portas um ano antes para se perceber o espaço”, diz Pedro Gadanho, que antes de vir dirigir o MAAT era o curador de Arquitetura e Design no MOMA, em Nova Iorque. “Mas, como estamos em Portugal, fazemos as coisas mais rápido e por isso vamos ter apenas seis meses entre esta inauguração e o arranque oficial da programação, em março do próximo ano”.
“Para nós era impensável ter este espaço pronto e não o abrir logo ao público” contrapõe António Mexia”. A faltar fica ainda a abertura de um restaurante, dos jardins e, para mais tarde ainda, de uma nova passagem “inclusiva, que liga a cidade ao rio, passando por cima da linha de comboio. Onde antes existia um muro com 14 metros de altura, hoje existe este edifício, que tem no máximo 12 metros e cuja parte superior é totalmente aberta ao público. Estamos a trazer Lisboa para mais perto do rio. O MAAT será o um espaço para desfrutar da cidade. É o novo Hotspot da cidade”, termina o presidente da empresa.
A programação oficial do MAAT arranca apenas em março mas somos já recebidos por uma obra da artista francesa Dominique Gonzalez-Foerster: Pynchon Park, criada especialmente para a Galeria Oval do MAAT, a grande entrada do museu. A obra remete-nos para o tema inaugural do museu Utopia/distopia tendo a artista criado um recinto no qual seres de outro mundo observariam o comportamento humano nas melhores condições possíveis. Na realidade a peça coloca os visitantes no papel de espectadores (aliens) e participantes (humanos). À vez. É uma experiência lúdica e intrigante em que os espectadores se tornam parte da obra de arte e promete apelar a todos, dos 0 aos 90.
Tagus Park – Edifício Tecnologia 4.1
Avenida Professor Doutor Cavaco Silva, nº 71 a 74
2740-122 – Porto Salvo, Portugal
online@medianove.com