A mais recente greve dos médicos contou com uma adesão de até 95%, o que, por um lado, “expressa uma grande unidade da classe no que diz respeito às reivindicações” em causa e, por outro, tem um significado que a tutela não pode ignorar. O recado é deixado esta segunda-feira pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), que tem marcada para esta tarde reunião com o Ministério da Saúde.
“É para nós claro que os 90% e 95% de adesão da mais recente greve dos médicos, realizada nos dias 5 e 6 de julho, tem um significado que não pode ser desvalorizado pela tutela, e que expressa uma grande unidade da classe no que diz respeito às reivindicações que a FNAM tem colocado em cima da mesa”, sublinha a estrutura sindical.
A negociação em curso diz respeito, nomeadamente, aos rendimentos dos médicos e tem gerado tensão entre os representantes dos trabalhadores e o Governo. A FNAM considera que a sua proposta é equilibrada e acusa o Ministério da Saúde de “intransigência negocial e radicalismo programático”.
Ainda assim, o sindicato acredita que o Governo “acabará por ser sensível quer à argumentação apresentada quer à mobilização que foi demonstrada, cabalmente, na greve”.
“Acreditamos que, apesar das dificuldades orçamentais, ainda é possível um bom acordo, sem perda de direitos e sem jogadas de bastidores. Um acordo que seja capaz de integrar os internos no primeiro nível da carreira médica, que não obrigue nenhum médico a aumentar o número de horas extraordinárias, que majore de forma equitativa as tabelas salariais base e que bonifique, sem contrapartidas medievais, a nova forma de dedicação”, sublinha a FNAM.
E assegura que olha para as negociações com responsabilidade e como meio para conseguir a aproximação a um “conjunto de princípios capazes de salvar o Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Na nota enviada esta segunda-feira à redações, a FNAM usa também um estudo recente do economista Eugénio Rosa para suportar as suas reivindicações.
“Neste estudo, que parte de dados oficiais, Eugénio Rosa analisa a situação do SNS e mostra que o orçamento que o Governo aprovou para 2023 ‘é insuficiente a nível de despesas com pessoal (aumento de apenas 2,3% entre 2022 e 2023) para compensar os profissionais de saúde da inflação prevista para 2023 (entre 5% e 6%)’. No mesmo sentido, Eugénio Rosa considera que a dotação orçamental também é insuficiente ‘para garantir remunerações dignas e uma carreira digna aos médicos do SNS'”, destaca a estrutura sindical.
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