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Greve dos motoristas: depois do SIMM, Governo apela ao SNMMP para desconvocar greve. Sindicato só decide amanhã

O ministro Pedro Nuno Santos saudou o fim da greve decidido pelo SIMM e pediu aos responsáveis do SNMMP que façam o mesmo. Mas o sindicato de transporte de matérias perigosas adiou para amanhã uma decisão sobre a matéria.
  • Ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos
15 Agosto 2019, 23h16

O ministro Pedro Nuno Santos apelou a que “o sindicato dos transportes de matérias perigosas desconvoque a greve e se junte ao Sindicato Independente dos Motoristas de Mercadorias (SIMM); fazemos um apelo para que se junte a este processo negocial, este é o tempo da negociação”. “Não há nenhuma intenção de isolar o SNMMP. A via do diálogo, a vida negocial obviamente obriga a que a greve seja desconvocada”, disse ainda.

“O tempo da greve está terminado, temos de avançar para a negociação. Aquilo que o SIMM mostra é que um acordo depois de uma greve é possível”, disse ainda o ministro, que insistiu por diversas vezes em que não se pode negociar com alguém que esteja em greve. Entretanto, o SNMMP fez saber que amanhã mesmo, pelas 9h00 da manhã, terá preparada uma resposta sobre a matéria.

Recorde-se que o SIMM, reunido no Ministério das Infraestruturas, aceitou desconvocar a greve para negociar com a ANTRAM. Anacleto Rodrigues, que falava em nome do sindicato, disse que a greve não surtiu os efeitos – dado não haver ainda um acordo firmado para o contrato coletivo de trabalho – “que não tem a ver só com questões salariais”, “é por isso que estamos nestas negociações”.

O sindicalista afirmou que “não iremos isolar o sindicato [dos motoristas de matérias perigosas] que não saiu da greve. Já hoje o nosso parceiro partiu para o pedido de mediação da parte do Governo sem o nosso conhecimento”. “Quebra de confiança?, podem entender como quiserem – os nossos sindicalistas estão exaustos”. “É tempo de acalmar um pouco, agora que há condições para trabalhar com a ANTRAM”.

Anacleto Rodrigues disse que “não houve a adesão que se esperava. Os serviços mínimos foram demasiado generosos”. De qualquer modo, o sindicalista disse que não quer arranjar um desentendimento com o sindicato dos motoristas de mercadorias perigosas. Haverá uma primeira reunião de trabalho, a 12 de setembro, disse ainda, para os envolvidos saberem as demarches que se seguirão.

Já a ANTRAM afirmou no final da reunião com o Governo que “haverá melhorias muito concretas em 2020. Aumentos salariais, cargas e descargas, etc. O que se passou nesta sala foi o exemplo do que é o diálogo mesmo entre os que não concordam com tudo”. André Matias Almeida pediu ainda que o sindicato do transporte das matérias perigosas desconvoque a greve para que a ANTRAM possa voltar ao diálogo. O porta-voz dos patrões não se esqueceu também de assinalar que o Governo esteve muito bem no seu comprometimento com o diálogo.

Recorde-se que o secretário de Estado do Emprego, Miguel Cabrita, anunciou que o Governo teve de suspender o processo de mediação que tinha aceitado depois do pedido do sindicato de matérias perigosas, porque a associação dos patrões do sector recusa-se a sentar-se à mesa enquanto houver greve.

O secretário de Estado disse hoje que o processo de mediação para travar o conflito laboral entre o sindicato de matérias perigosas e a ANTRAM “não é viável”. “O processo de mediação só avança quando tem viabilidade” e “depende da vontade das partes”, afirmou o governante, em conferência de imprensa, em Lisboa.

Antes, Miguel Cabrita, tinha dito que o Governo ia nomear um mediador para tentar terminar o conflito entre a ANTRAM e o Sindicato Nacional de Motoristas de Matérias Perigosas (SNMMP). Esta tarde, o SNMMP pediu a mediação do Governo para chegar a um entendimento que permita terminar a greve.

“O Governo accionou o mecanismo de mediação, nomeámos um técnico da DGERT [Direcção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho] como mediador, contactámos a ANTARM e a ANTRAM respondeu da inviabilidade de um processo de mediação enquanto durasse a greve”, explicou o governante.

“Para nós é claro, talvez sem surpresa, dadas as posições dos últimos dias, que não é viável iniciar o processo de mediação com possibilidade de viabilidade e condições de êxito”, pelo que “o processo de mediação termina, dado que não há condições de viabilidade”, acrescentou.

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