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Greve dos professores: “Não houve indício de que o ministério estará interessado em negociar”, acusa sindicato

Uma vez que até ao momento ainda não obtiveram respostas da parte do ministério da Educação, o sindicato que representa os professores pretende avançar com “duas petições já a entrarem na Assembleia da República no sentido de pedirmos aos deputados que forcem a negociação”.
4 Outubro 2021, 18h00

Esta segunda-feira ficou marcada pela greve de professores, que reivindicam a abolição de quotas e dignificação na carreira. Segundo as declarações, ao Jornal Económico (JE) da presidente do Sindicato Independente de Professores e Educadores (SIPE), Júlia Azevedo, mesmo com a greve, o Governo não dá indícios de estar “interessado em negociar”.

O JE também falou ainda com a o presidente da Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP), Filinto Lima, que pede ao Governo que trate os professores de outra forma.

A greve começa e termina hoje, mas Júlia Azevedo contou ao JE que “para já não houve indício de que o ministério estará interessado em negociar, mas estamos em crer e a esperança é sempre a última a morrer”. “A posição dos professores tem que valer alguma coisa”, acrescentou.

“Foram dois anos muito difíceis, para toda a população, mas o Governo não se pode escudar em uma pandemia e fechar as portas à democracia e à negociação. A negociação não existiu, não tem existido e há muitos pontos diversos que têm de ser debatidos, que os professores assim o querem e desejam e em democracia é assim que se faz”, sublinhou a representante da SIPE.

Sobre as negociações que existiram com o Governo, Júlia Azevedo diz que o ministério da Educação “mostra resistência a todas” as propostas. “Como por exemplo a abolição de quotas e vagas. No território de Portugal continental nós temos quotas que nos impedem de avançar para o escalão seguinte e onde os docentes estão parados durante anos e anos e esta medida é pura e simplesmente economicista e muito injusta, imoral. Depois de não nos contabilizarem o tempo de serviço ou seja perdermos aqueles anos todos de alongarem a carreira e nos obrigarem a parar”, completou.

Relativamente à adesão, a SIPE destaca que esta “ronda os 50% com maior incidência nas escolas do primeiro-ciclo e dos jardins de infância” onde já foram ultrapassadas “mais de 140 escolas encerradas”. “Ao nível do segundo e terceiro secundário a adesão varia entre os 30 e 40%de todas as nossas escolas apuradas”, informa o sindicato.

Professores em debate no parlamento

Sendo que até ao momento ainda não obtiveram respostas da parte do ministério da Educação, a SIPE pretende avançar com “duas petições já a entrarem na Assembleia da República no sentido de pedirmos aos deputados que forcem a negociação e uma delas é sobre as ultrapassagens que é uma das nossas reivindicações também”. “Ou seja há professores com menos tempo de serviço a ganharem muito mais, dois escalões acima do que professores com mais tempo de serviço. Isto fruto de legislações não feitas”, sublinhou Júlia Azevedo.

Esta segunda-feira deram entrada na Assembleia da República seis propostas do Partido Comunista Português (PCP) relacionadas com os professores. Uma delas é um projeto de lei que pede a abertura de um processo negocial para a eliminação da imposição administrativa de vagas para a progressão aos 5º e 7º escalões da carreira docente. 

ANDAEP pede que Governo trate de outra forma a classe docente

“A greve é um direito concedido aos trabalhadores e neste caso concreto acho que existe muita justiça nos motivos desta greve. Os motivos a que levaram a esta greve, a valorização e dignificação da carreira, são dois grandes motivos, acho que são muito válidos e como o Orçamento para 2022 vai ser discutido nos próximos dias, eu pedia aos nosso políticos que tratassem de outro modo a classe docente”, afirmou o presidente da ANDAEP, Filinto Lima.

Na perspetiva de Filinto Lima, a greve “teve mais consequências para os alunos do pré escolar e do primeiro ciclo e com os alunos dos segundos e terceiros cinclos do ensino secundário”.

“E porquê? Porque se faltar uma educadora, se faltar um professor do primeiro ciclo a turma inteira tem de ir para casa. Ao passo que se faltar um professor de francês ou de matemática do segundo ciclo, do terceiro, secundário não terão essas aulas, mas terão outras durante o dia”, considerou o representante da ANDAEP, acrescentando que a greve “foi mais constrangedora para os pais das crianças e dos jovens que frequentam o pré-escolar e o primeiro ciclo”.

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