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Greve nas rodoviárias privadas: “Sindicatos têm de perceber que isto não é só pedir”, diz Antrop (com áudio)

“Estamos disponíveis para discutir com os sindicatos variações salariais na linha, por exemplo da inflação. Isso estamos disponíveis. Agora não podemos é quando a inflação anda nos 0,8%, que é a previsão do Banco de Portugal para este ano. Os sindicatos estão a pedir aumentos de 7%. São coisas completamente irrealistas”, diz o presidente da Associação Nacional de Transportes de Passageiros.
20 Setembro 2021, 13h52

A greve dos trabalhadores das rodoviárias privadas inicia-se esta segunda-feira e promete continuar em nova data. Enquanto a Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans) acusa a Associação Nacional de Transportes de Passageiros (Antrop) de “fugir às negociações”, a Antrop rejeitou, ao Jornal Económico (JE), esta ideia e admite estar disponível para negociar “condições e valores que sejam adequados e razoáveis”.

“O que nos importa é criar uma dinâmica de conversação. Agora os sindicatos têm de perceber que isto não é só pedir o que deseja, é aquilo que é possível”, sublinhou ao JE o presidente da Antrop, Luís Cabaço Martins, acrescentando que “estamos disponíveis para negociar condições e valores que sejam adequados e razoáveis”.

Ao JE, ainda esta segunda, o coordenador da Fectrans, José Manuel Oliveira, considerou que “aquilo que assistimos por parte da Antrop é uma fuga à negociação daquilo que são as reivindicações dos trabalhadores, assim como das administrações das empresas”.

Por sua vez, o presidente da Antrop afirma que “neste momento temos um sector que esteve praticamente parado um ano e meio, é o sector da mobilidade, que viveu um período negro com praticamente a paragem do país por causa da pandemia. O sector que mais sofreu com a pandemia foi o sector dos transportes”.  “Portanto, temos as empresas com imensas dificuldades e queriam agora retomar a sua atividade normal, muito lentamente. Ainda há muitas dúvidas sobre o futuro como se sabe”, completou.

Segundo Luís Cabaço Martins “estamos disponíveis para discutir com os sindicatos variações salariais na linha, por exemplo da inflação. Isso estamos disponíveis. Agora não podemos é quando a inflação anda nos 0,8%, que é a previsão do Banco de Portugal para este ano. Os sindicatos estão a pedir aumentos de 7%, são coisas completamente irrealistas. Não há ninguém, neste país, que tenha um aumento de 7% depois de uma pandemia”.

A 16 de setembro, de acordo com a agência Lusa, o Conselho das Finanças Públicas (CFP) previu “um aumento da inflação, medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), para 0,8% em 2021 e 1,6% em 2022, devendo estabilizar, nos anos seguintes, em torno de 1,5%”. O CFP acredita ser possível um crescimento de 4,7% este ano e 5,1% em 2022, motivados pelo Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e à vacinação.

“Relativamente às negociações o que posso dizer é que temos a negociação em aberto, ainda não terminamos. Recordo que estamos a negociar as condições para 2022. Portanto, estamos em setembro de 2021 e dizer que estamos a fugir às negociações quando abrimos as negociações depois do verão e fizemos duas ou três reuniões, estamos completamente disponíveis para continuar a conversar e a negociar”, garantiu.

A Fectrans pretende o aumento imediato do salário base do motorista para 750 euros. “É um sector onde a categoria profissional é mais determinante do que número de trabalhadores que são os motoristas, que têm salários iguais ou pouco acima do salário mínimo nacional”, destacou José Manuel Oliveira.

Quanto à adesão à greve, o coordenador disse ao JE que: “Ainda não consigo dar uma resposta nesse sentido e tendo em conta a dimensão. Mas temos regiões com adesões na ordem dos 70% ou 75%. Em algumas empresas é 100%. Do ponto de vista geral, o que registamos, hoje, na maioria do país é uma adesão significativa dos trabalhadores à greve”.

No entanto, a Antrop afirma que em certas partes do país a adesão é de 0% e que “o total do país é de 11,84%”.

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