A greve dos guionistas em Hollywood, que já soma o apoio do sindicato dos atores (Screen Actors Guild), poderá levar ao colapso da indústria se as partes não chegarem a um acordo em breve. O alerta é deixado por Barry Diller, ex-CEO da Paramount Pictures e um dos responsáveis pelo lançamento da FOX Broadcasting Company, que atualmente serve como ‘chairman’ na InterActiveCorp (IAC) e na Expedia.
Numa entrevista dada à CBS este domigno, Diller diz que o prolongamento da greve “levará a efeitos devastadores, se não for resolvida em breve” e prevê um efeito dominó se as exigências dos guionistas e atores não forem enderaçadas pelos estúdios e empresas de produção.
“Estas condições têm o potencial de produzir um absoluto colapso de uma indústria inteira”, reitera o empresário.
Se os executivos dos estúdios e os sindicatos não chegarem a um acordo nos próximos meses, prevê Diller, haverá cada vez menos conteúdos televisivos disponíveis tanto nas grelhas tradicionais como nas plataformas de streaming – que são o maior alvo destas greves. Se isso acontecer, acrescenta o mesmo, os serviços vão ter cada vez mais subscripções canceladas e, daí, menos receitas para a indústria no seu todo.
Isso significa que, mesmo chegando a um acordo, se este se der tarde demais, não haverá verbas para recuperar alguns dos programas cuja produção foi interrompida pelas greves.
Contudo, diz o mesmo executivo, não parece que haja um fim à vista ao conflito sindical, uma vez que “não existe confiança entre as partes envolvidas”. Em causa estão “problemas existenciais” aos quais os sindicatos não têm obtido respostas.
Por um lado, os representantes sindicais querem perceber como é que os estúdios tencionam utilizar a tecnologia de Inteligência Artificial (IA). Por outro, exigem um colmatar das diferenças salariais entre os mais bem pagos e os mais mal pagos da indústria.
Diller sugere que os executivos e os atores ‘de topo’ aceitem um corte salarial de 25%, como sinal de “boa fé” para tentar “encurtar a disparidade entre aqueles que recebem muito bem e aqueles que não recebem assim tão bem”.
O ex-responsável pela Paramount entende também que deve haver uma data limite para se chegar a um acordo, mais que não seja para que as empresas consigam fazer planos de contingência até lá. Sugere que os sindicatos e os estúdios devem tentar chegar a um acordo até ao dia 1 de setembro deste ano.
Sobre a IA, que foi tema central da sua entrevista, Diller diz que a crença na tecnologia é “exagerada até à morte” no que diz respeito ao impacto que poderá ter no trabalho dos guionistas e atores. “Os guionistas terão assistência. Não serão substituídos”, garante. “E a maioria dos ofícios performativos… Não creio que se devam preocupar com a IA”.
Quem se deve de facto preocupar com a ascensão da IA, avisa, é a indústria editorial. E diz que as empresas ao volante do desenvolvimento destas tecnologias, como a Google e a Microsoft, “querem encontrar uma solução para os editores e publishers“.
O problema, entende o mesmo, é a discórdia em termos da aplicação da legislação de direitos de autor. “A não ser que se protejam os direitos de autor, está tudo perdido”, conclui.
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