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Grupo BDK cria bancos na Costa do Marfim e na Guiné Conacry

Depois de ter lançado o Banco de Dakar (Corporate & Private Banking) no Senegal é agora a vez de abrir um banco de microfinança – o Credit Kash – na Guiné Conacry.
7 Abril 2017, 15h59

O grupo de gestores liderado por Vasco Duarte Silva que há dois anos lançou de raiz o Banque de Dakar, no Senegal, está agora a expandir-se para outros países africanos da União Económica e Monetária da África Ocidental (UEMOA) e para a vizinha Guiné Conacry.

Mas os gestores portugueses não se ficam por aqui. ”Já obtivemos a licença bancária na Costa de Marfim, com a qual será lançado o Banco de Abidjan (Corporate & Private Banking) em Junho de 2017, estamos à espera de ainda lançar o Credit Kash Senegal no segundo trimestre de 2017 e o Credit Kash Mali, cujo processo ainda está no Ministério de Finanças, no último trimestre de 2017”, avança Vasco Duarte-Silva, CEO da BDK Financial Group, uma sociedade detida maioritariamente pelo espanhol Alberto Cortina e que tem a ‘boutique’ financeira portuguesa 3Angle Capital como acionista minoritária.

O Grupo BDK prepara-se assim para abrir o BDA em Abidjan. “A parte de corporate banking e de private banking vai abrir a 24 de junho”, diz o presidente-executivo do projecto. Vasco Duarte Silva diz ainda que em Abidjan vão abrir também a área de retalho, começando com 16 agências em outubro de 2017 e depois mais 16 agências no final do ano. Tudo isto em parceria com os correios da Costa do Marfim. A La Poste tem 20% da Sociedade Financeira de Abidjan, sendo os restantes 80% do Group BDK Senegal.

A 3Angle Capital, ‘boutique’ financeira especialista em fusões e aquisições, tem um contrato de gestão da holding que cria bancos de raiz na África da UEMOA. Este foi o pretexto para uma conversa com Vasco Duarte Silva e Filipe Ribeiro Ferreira, a que se juntou Luís Paulo Sousa, que é responsável por um projecto que está prestes a nascer, de mobile banking, denominado Kash Kash, que vai ser implementado em todos os países onde o grupo investe.

“Convertemo-nos nuns especialistas em montar e desenvolver projectos de entidades financeiras. E a região da UEOMA era zona cuja economia estava menos dependente de matérias primas, uma economia mais diversificada, o que a torna menos vulnerável a crises das commodities [como o petróleo]”, explica Vasco Duarte Silva, que acrescenta que pesou na escolha desta região também o facto de haver regulação bancária comum entre os países através do Banco Central dos Estados da África Ocidental (BCEAO), que por sua vez é coordenado pelo banco central de França.
O BCEAO é um banco central que atende os oito países da África Ocidental que fazem parte da UEMOA: Benim, Burkina Faso, Costa do Marfim, Guiné-Bissau, Mali, Níger, Senegal e Togo.

A entrada na Guiné Conacry ocorreu em março, quase dois anos depois de ter aberto o Banque de Dakar, um banco focado na área de ‘corporate banking’ e banco de particulares do segmento alto.
Vasco Duarte Silva e Filipe Ribeiro Ferreira explicam que é uma premissa destes investimentos do grupo BDK atingirem o ‘break-even’ operacional ao fim de um ano. “O nosso objectivo é atingir em todos os nossos projectos o ‘break-even’ operacional em apenas 12 meses ”, referem.

Bancos em 2017 do BDK: Senegal, Costa do Marfim, Mali, Guiné Conacry
O Grupo BDK tem sede no Senegal, sendo detido pelo BDK Financial Group, que tem sede no Luxemburgo. E é o ponto de partida para todos os investimentos nos mercados africanos.
O Credit Kash, que abriu na Guiné Conacry vai expandir-se para alguns dos mercados da UEMOA. “Vamos ainda abrir o Credit Kash no Senegal, o processo já passou do governo para o Banco central, e também no Mali, onde o projecto já está também no banco central.

A parceria com a La Poste [correios] atravessa todos os projectos nos vários países. Na Costa do Marfim, no Mali, na Guiné Conacry, entre outros.
“Fizemos uma associação com os correios da Costa do Marfim, com os correios da Guiné Conacry e com os correios de Mali”, revela Vasco Duarte Silva.
Para crescer de forma mais rápida na região, com uma presença física mais extensa, nestes países, toda a actividade financeira dos correios fica dentro de uma sociedade comum financeira participada em 80% pelo grupo BDK e em 20% pelos Correios. A sede do banco de Abidjan será na antiga sede dos correios.

Também em parceria com os correios locais (com 20%) o grupo poderá avançar em breve para o Benim e para o Burkina Faso. Estas poderão ser as próximas paragens de uma equipa de gestores portugueses que fazem parte da 3Angle Capital (Vasco Duarte Silva e Filipe Ribeiro Ferreira) e que escolheram uma África mais exótica para investir. A África que fala francês e tem estabilidade cambial. “Estes países da UEMOA têm a paridade com o euro estável há 21 anos”, explica o gestor.

“A 3Angle é especialista em M&A, começou por estudar onde seria melhor iniciar um projecto bancário e, de repente, passamos de estar só na consultoria para estar na gestão dos projectos bancários. O nosso objectivo, hoje em dia, é nós analisarmos, desenharmos, conceptualizarmos, vermos onde há oportunidades, trabalharmos toda a parte de licenças, especializarmo-nos em todo o projecto ‘greenfield’, partirmos do zero, criarmos os bancos de raiz. Contratamos as pessoas, montamos as equipas, montamos os sistemas informáticos, backoffices, compliances, middle offices, montamos as áreas de tesouraria”, diz o gestor. “Fazemos a gestão centralizada a partir de Lisboa. Mas todas as equipas são de locais. Optamos por não levar recursos humanos de cá.  Consegui provar que não é preciso levar expatriados. O que fazemos é darmos formação a colaboradores locais”, explica.

Vasco Duarte Silva é assim o banqueiro dos novos bancos nos mercados da UEMOA. Mas recusa ser o protagonista dos projectos. “Hoje em dia o que interessa são as equipas. Não só eu e o Filipe [Ribeiro Ferreira], mas também o Paulo Ferreira da Costa que está à frente do projecto Credit Kash, o Luís Paulo Sousa que está à frente do projecto Kash, Kash (mobile banking). Vamos iniciar o mobile banking no Senegal. África é o continente onde o mobile banking tem mais implantação”, diz.
“Mobile Banking é mobile money, o que implica transferências via telemóvel, crédito e depósitos através do Kash, Kash”, acrescenta o gestor. “Nós vamos tentar fazer a bancarização da população através do Kash, Kash. Vamos para isso estabelecer acordos com bancos e no caso do Senegal vai ser o BDK a entidade financeira que vai suportar a atividade bancária do Kash, Kash [que será uma entidade autonóma]”, diz.

“Estamos ainda a desenvolver um projecto de money transfer no Senegal, porque para desenvolver o projecto Kash, Kash, tivemos que abrir 7.000 cash points na zona do Senegal que são pontos de acesso para o projecto de mobile banking”, explica o gestor.

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