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Grupo Global Media colocou em layoff mais de 500 trabalhadores

Entre reduções horárias e suspensões de contratos de trabalho, o layoff na Global Media vai abranger mais de 500 trabalhadores dos cerca de 700 trabalhadores. “É uma medida de apoio imediato e de caráter parcial, extraordinário, temporário e transitório”, disse o grupo. Sindicato dos Jornalistas diz que houve irregularidades no anúncio da medida e, por isso, apelou à suspensão do layoff.
21 Abril 2020, 12h24

A Global Media Group avançou oficialmente para o layoff, uma medida que afetará um universo de quase 700 postos de trabalho diretos, “da base até ao topo do grupo”, confirmou a empresa dona de títulos como Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo e TSF, na segunda-feira à tarde, num comunicado a que o Jornal Económico teve acesso. Segundo a agência Lusa, que cita fonte ligada ao processo, o lay-off simplificado vai abranger um total de 538 trabalhadores.

A administração garantiu tratar-de de uma medida que “permite defender” a sustentabilidade do grupo de media. Por isso, a Global Media Group “decidiu acionar os mecanismos legais do chamado layoff, devidamente ajustado a cada empresa, marca e área de produção ou serviços, com diferentes níveis de redução de horários, mas afetando todos, mas mesmo todos – da base até ao topo do grupo”.

“Apesar de dura e difícil, trata-se da medida de apoio imediato e de caráter parcial, extraordinário, temporário e transitório que melhor permite defender a sustentabilidade das nossas empresas, os seus quase 700 postos de trabalho diretos e, muito especialmente, a continuidade da relação de confiança dos leitores e ouvintes com as nossas marcas de informação – com independência, rigor e pluralismo, as pedras basilares que norteiam este grupo”, lê-se no comunicado.

A administração da Global Media Group justificou a decisão de avançar para o lay-off simplificado com os efeitos da pandemia da Covid-19 no setor dos media. Os gestores do grupo de media consideram que o atual contexto afeta “de forma decisiva toda a cadeia de valor do mercado dos media”. Um impacto “imediatamente visível na drástica redução das receitas, provocada por uma massiva redução do investimento publicitário e por uma violenta quebra das vendas de jornais e revistas, face ao confinamento generalizado da população”.

Um cenário que não foi evitado com “a tardia concretização das anunciadas medidas de apoio do Estado ao setor”. No dia 17 de abril, o Governo aprovou, em Conselho de Ministros, ajudar o setor dos media com a aquisição antecipada de espaços publicitários para publicidade institucional no valor de 15 milhões de euros. Contudo, como salientou a administração da Global Media no mesmo comunicado, o “critério de repartição ainda nem sequer foi concertado com os parceiros da indústria”, o que não impede o referido “conjunto de dificuldades financeiras e de tesouraria” para o grupo dono do histórico título Diário de Notícias.

Entre redução horária e suspensão de contrato de trabalho
De acordo com a agência Lusa, o lay-off aplicado no grupo de media vai abranger 538 trabalhadores. Excluindo a rádio TSF , o lay-off abrange 438 pessoas, sendo 354 com uma diminuição média de 26,1% do horário de trabalho e 84 com suspensão do contrato, de acordo com a fonte.

Já no caso da rádio TSF, um total de 100 trabalhadores serão abrangidos pela medida excecional e temporária, sendo que 96 trabalhadores ficam com uma redução média de 24,4% do horário laboral e quatro com suspensão do contrato, segundo a mesma fonte.

Os restantes trabalhadores, do universo de 700, pertencem a outras empresas do grupo que não foram afetadas pelas medidas, de acordo com fonte ligada ao processo.

Sindicato dos Jornalistas apela aos jornalistas em lay-off que se apresentem ao trabalho
Perante o atual contexto, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) emitiu um comunicado, também na segunda-feira, aconselhando a todos os profissionais abrangidos pelo lay-off na Global Media a apresentarem-se ao trabalho esta terça-feira, 21 de abril.

“Sobre a entrada da empresa em lay-off hoje [segunda-feira], a partir das sete da tarde, numa flagrante violação do princípio da dignidade humana, a apresentarem-se ao trabalho amanhã [terça-feira], normalmente, como fariam antes dessa comunicação”, lê-se no comunicado da estrutura sindical.

Para o SJ, o momento é “particularmente grave e indigno”, visto que o lay-off fora formalizado junto dos trabalhadores “com apenas umas horas de antecedência” à sua entrada em vigor. A organização sindical considerou que os “trâmites legais” não foram cumpridos e, por isso, exigiu “suspensão imediata do lay-off “.

O SJ justificou o apelo com a argumentação de que a legislação atual prevê que antes da comunicação aos trabalhadores do lay-off, a medida seja dada a conhecer aos delegados sindicais, algo que o sindicato disse não ter acontecido.

“Não se verificou qualquer audição, mas uma mera comunicação de um conjunto de medidas que a empresa pretenderia adotar”, lê-se no comunicado do SJ.

A Global Media Group, além de deter o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, rádio TSF e O Jogo, controla também os jornais Açoriano Oriental e o Dinheiro Vivo. O grupo é dono também das revistas Volta ao Mundo e Evasões , entre outros títulos, projetos editoriais e empresas. De referir que a Global Media é o maior acionista da Lusa a seguir ao Estado, detendo 23,36% do capital da agência de notícias.

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