O grupo José de Mello – que detém 100% da Bondalti, 65% da CUF e 16,7% da Brisa – registou lucros líquidos de 95 milhões de euros em 2023, mais 3% do que no ano anterior, anunciou hoje o CEO do grupo, Salvador de Mello.
Em conferência de imprensa para apresentar os resultados do grupo, Salvador de Mell0 ressalvou o “contexto desafiante” do último ano, com consequências já neste. Em causa a “uma instabilidade política interna” em Portugal, já que das eleições “não resultou uma situação que garanta uma estabilidade e uma tranquilidade que nos deixe a todos sossegados”.
A nível internacional, que também afeta a economia portuguesa, verificou-se “um contexto de inflação muito elevado, que está a decrescer, mas que teve um impacto muito significativo em custos e nas taxas de juro nos últimos anos”.
Por segmentos, a CUF (cuidados hospitalares e de saúde) obteve um lucro de 38 milhões de euros, a Bondalti (química) teve resultados positivos de 51 milhões de euros e a Brisa (concessões de auto-estradas) teve um lucro de 255 milhões de euros.
Em termos consolidados, o Grupo José de Mello teve resultados líquidos de 95 milhões. Os resultados operacionais (EBITDA), excluindo a Brisa, foram de 204 milhões de euros (face aos 192 milhões do ano anterior). Em termos de proveitos globais (excluindo a Brisa), o Grupo registou 1.319 milhões de euros. A dívida líquida registou um corte de 21%, passando de 917 milhões em 2022 para os 721 milhões em 2023.
No que diz respeito a investimento, estão previstos mais de 500 milhões de euros até 2025, “bem como o reforço da internacionalização”, salientou o CEO do Grupo.
Na apresentação dos resultados, Salvador de Mello também disse que o grupo está a estudar as possibilidades de investir numa primeira fábrica da Lifthium, uma unidade do grupo dedicado a refinação de lítio. As duas possibilidades, disse o CEO do grupo, estão em Espanha e em Portugal, sendo que ainda não há uma decisão sobre onde ficará. A decisão será tomada nos “próximos meses”, revelou.
“Temos a possibilidade de fazer o investimento em Portugal ou em Espanha e a atractividade das condições do local é também um aspecto relevante”, disse Salvador de Mello. Questionado sobre o que quer dizer “atractividade das condições do local”, o CEO do grupo disse que não se limita a questões geográficas, antes abrange eventuais “incentivos, condições de rapidez de execução ou de licenciamento”. Ou seja, o país que der melhores condições ficará com a primeira fábrica.
Em Portugal, a localização mais bem posicionada é Estarreja, onde o grupo tem um terreno para a construir. Mas não é um dado adquirido que venha a ser construída em Portugal, já que a Bondalti também tem um site em Espanha. “Estamos a trabalhar as duas frentes. Ambas são possíveis”, frisou.
A existência de duas possibilidades choca com informação anteriormente avançada pelo CEO da Bondalti, João de Mello, numa entrevista em 2023 ao Jornal de Negócios, na qual deixa claro que a primeira fábrica para a produção em grandes qualidades de lítio seria construída em Estarreja, ainda que tenha frisado que a decisão apenas seria tomada em meados de 2024. O que também disse João de Mello é que esta seria a primeira de três unidades do género, com um investimento em cada uma de cerca de 400 milhões de euros.
Hoje, na conferência de imprensa dos resultados do grupo, Salvador de Mello não se comprometeu com essa expectativa de investimento global (1.200 milhões de euros) nem com a construção das três fabricas. A ideia, disse, é avançar para a primeira e avaliar depois.
A Lifthium é detida em 85% pelo Grupo José de Mello e em 15% pela Bondalti. No entanto, a estrutura pode até vir a sofrer alterações, uma vez que Salvador de Mello admite que possa vir a trazer parceiros para a Lifthium no futuro.
“Veremos com bons olhos trazer parceiros, provavelmente mais para a frente, para a Lifthium”, considerou.
Questionado sobre o que espera o Grupo José de Mello de alterações – por decisão política do novo governo – no negócio da Saúde, Salvador de Mello disse que o projeto da CUF “está traçado”, mas que “neste momento, naturalmente, não passa por parcerias público-privadas”.
Ainda sobre a saúde, o CEO do grupo foi questionado sobre se houve conversas entre o Governo e os principais players na saúde privada – entre os quais se conta a CUF, tal como a Luz Saúde ou o Grupo Lusíadas – sobre o novo plano de emergência para o sector. Mas Salvador de Mello disse que não iria comentar.
“O Governo está a trabalhar e a tomar as suas decisões. Eu não revelo que contactos houve ou não houve, ou com que membros do Governo. O Governo está, no fundo, a tomar as decisões que lhe compete. Está a iniciar o seu plano e não vou comentar”, sublinhou.
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