O resultado líquido atribuível aos acionistas do grupo Sonae diminuiu 17% em 2022, para 179 milhões de euros face aos 215 milhões de 2021, “penalizado pelo esforço” de absorver “parte da inflação, pelo aumento significativo dos custos e pelo resultado indireto de menos 43 milhões, na sequência das imparidades no negócio de retalho de moda, da desvalorização dos ativos da Sierra e do impacto cambial no valor dos ativos da Bright Pixel”.
Em comunicado enviado à CMVM, o grupo liderado por Cláudia Azevedo refere que a variação homóloga “foi ainda mais negativa no quatro trimestre de 2022 (4T22), período em que a Sonae registou um resultado líquido recorrente negativo de 10 milhões de euros”.
O volume de negócios consolidado do grupo atingiu 7,7 mil milhões de euros em 2022, um crescimento de 10,9% em termos homólogos, “sustentado pelos sólidos ganhos de quota de mercado dos negócios” e “ao investimento na expansão dos negócios”. As vendas online agregadas cresceram 17% e superaram 700 milhões de euros.
O EBITDA subjacente registou um desempenho inferior às vendas ao crescer apenas 6% para 635 milhões de euros, registando-se uma redução da margem operacional de 41 pontos base, para 8,2% no ano.
Os negócios consolidados pelo método de equivalência patrimonial (NOS, Sierra e ISRG) aumentaram o seu contributo para o grupo em 51 milhões de euros, o qual juntamente com mais-valias geradas na venda da corretora de seguros MDS e da tecnológica Maxive, conduziram a um EBITDA consolidado de 927 milhões no final do ano. “Os itens não recorrentes, onde se incluem a mais-valia de 146 milhões com a alienação da Maxive e da MDS, totalizaram 162 milhões de euros, limitando a comparabilidade dos resultados”.
O grupo adianta ainda que em 2022, o investimento agregado em Portugal ascendeu a mil milhões de euros. O investimento consolidado cresceu 34% para 634 milhões, com o investimento operacional (capex) a crescer 28% para 357 milhões. Relativamente à atividade de gestão do portefólio, a Sonae investiu 277 milhões (+42%) e encaixou 301 milhões com a alienação de ativos. A atividade de gestão de portefólio representou um impacto positivo no cash flow, “uma vez que o encaixe total da venda de ativos mais do que superou os investimentos em M&A. Assim, o desempenho operacional dos negócios, juntamente com a atividade de gestão de portefólio e os dividendos recebidos das participadas, conduziram a um Free Cash Flow (FCF) antes de dividendos pagos de 187 milhões de euros no final do ano. Desta forma, a dívida líquida consolidada diminuiu para 540 milhões, o valor mais baixo deste século”.
Em termos de estrutura de capitais, no final de 2022 a Sonae apresentava uma posição financeira muito sólida, com rácios de alavancagem e níveis de liquidez confortáveis (cerca de 1,3 mil milhões de euros de liquidez disponível – caixa e linhas de crédito não utilizadas) e um perfil de maturidade média acima dos 4 anos.
No final de 2022, o NAV (valor líquido do portefólio) da Sonae ascendeu a quatro mil milhões de euros, “em linha como final de 2021, traduzindo o desempenho operacional dos negócios, os movimentos de criação de valor no portefólio e o desempenho dos mercados de capitais e consequente contração dos múltiplos de mercado”.
A Sonae refere que prosseguiu a sua gestão ativa de portefólio, sendo de destacar que: o Universo, o negócio de serviços financeiros, concluiu a venda da MDS por 104 milhões e chegou a um acordo de princípio com o Bankinter Consumer Finance para a criação de um operador em crédito ao consumo; a Bright Pixel concluiu as vendas da Maxive, da StyleSage, da Cellwize e da CiValue, tendo registado um encaixe total de 188 milhões; a Sonaecom concluiu a resolução da parceria Zopt, passando a deter uma participação de 26,07% na NOS e tendo recebido um encaixe financeiro de 38 milhões; e aumentou a participação direta na NOS em 0,52%, para 11,3%, (totalizando 37,4%, incluindo a participação da Sonaecom) e adquiriu uma participação adicional de 10% na Sierra. O grupo criou mais de 1.200 empregos.
Retalho alimentar diminui lucros
A MC, a empresa de retalho alimentar do grupo, registou uma redução da rentabilidade em 2022. O volume de negócios atingiu cerca de seis mil milhões de euros, um crescimento de 11,5% face ao período homólogo e de 9,6% em termos de LfL (no 4T22: mais 13,9% em termos homólogos e um LfL de mais 12,0%)”. A margem de rentabilidade diminuiu 59 pontos base, para 9,4% em 2022 (9,7% no 4T). Neste contexto, o EBITDA subjacente foi de 563 milhões de euros em 2022, registando uma evolução inferior às vendas. O resultado líquido da unidade de retalho alimentar da Sonae diminuiu 17,8% em 2022, para 179 milhões de euros. Este valor traduz uma margem de lucro de 3%, sendo que nos formatos alimentares a margem foi de 2,7%.
No que se refere à expansão e à missão de levar a melhor proposta de valor a um número crescente pessoas, a MC acelerou o ritmo no 4T22 e abriu um total de 65 novas lojas próprias durante o ano e remodelou 33 lojas. Globalmente, o investimento (capex) total em 2022 foi de 218M€, incluindo 43M€ relativos a aberturas de lojas.
Em termos de desempenho ESG, a MC continua focada em integrar a sustentabilidade no seu negócio e, em 2022, alcançou progressos significativos em termos ambientais, nomeadamente (i) evitando 54M€ de desperdício alimentar (+44% face ao período homólogo), (ii) aumentando a reciclabilidade das embalagens de plástico de marca própria para 80% (+5,3p.p. em termos homólogos), (iii) descarbonizando as suas operações com a redução adicional de 5% das suas emissões de GEE (âmbito 1+2) e (iv) subscrevendo o compromisso “Zero Desflorestação” do Grupo. Já em termos sociais, a MC também continuou a investir na sua missão de apoiar as suas comunidades, acelerando os apoios e donativos dados.
No retalho de eletrónica, a Worten atingiu um desempenho positivo no quarto trimestre positivo, com o volume de negócios a crescer 7,9% face ao período homólogo (LfL de +5,0%), conduzindo a um volume de negócios total de 1,2 mil milhões de euros em 2022 (+5,4% em termos homólogos e LfL de +3,8%). O EBITDA subjacente foi de 76,2 milhões, uma ligeira redução face ao ano passado, com uma margem de 6,2%.
Na Zeitreel o volume de negócios cresceu 12% em termos homólogos, para 387 milhões de euros, com um contributo positivo de todas as suas marcas. O EBITDA subjacente ficou praticamente em linha com o valor do ano passado de 27 milhões, traduzindo numa redução da margem de 0,9pp para 7%.
A Sierra, unidade do sector imobiliário, registou um desempenho operacional positivo em 2022, “devido à recuperação bem-sucedida da atividade do seu portefólio de centros comerciais”. “A área de serviços da Sierra expandiu-se para novas geografias, aumentando os ativos sob gestão não relacionados com atividades de retalho em 700 milhões de euros, para 1,3 mil milhões.
Em 2022, a Bright Pixel investiu 48,7 milhões de euros nas empresas do seu portefólio e em novas empresas em diferentes segmentos, sendo de destacar no 4T os reforços na Habit, na Iriusrisk, na Didimo e na Probe.ly. Relativamente aos desinvestimentos, atingiu um encaixe financeiro total de 188 milhões no ano, destacando-se a mais-valia de 64,7 milhões na venda da Maxive e das suas subsidiárias S21Sec e Excellium, bem como a venda da participação na StyleSage e o recebimento de uma distribuição de capital dos fundos da Armilar Ventures Partners.
Nas telecomunicações, a NOS apresentou um volume de negócios que aumentou 6,3% para 1,5 mil milhões de euros “sendo que no segmento de telecomunicações aumentou 4,8%”. O resultado líquido excluindo as mais valias referentes à alienação de torres atingiu 138 milhões em 2022, uma redução de 4% face a 2021.
No retalho de desporto, a ISRG atingiu nos últimos 12 meses vendas totais que aumentaram 41% em termos homólogos, ultrapassando 1,2 mil milhões de euros, “beneficiando das aquisições realizadas”. A margem diminuiu 1,7pp para 10,2% “em consequência da alteração do peso dos diferentes canais (lojas físicas e online)”.
Finalmente o grupo Sonae informa que irá propor o pagamento de um dividendo de 0,0537 euros por ação “que corresponde a um dividend yield de 5,7%, com base na cotação de fecho de 31 de dezembro de 2022 (que se situou em €0,935)”.
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