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Guerra civil na Líbia atira petróleo para máximos de cinco meses

Na sexta-feira, dia 5 de abril, o secretário-geral da ONU, António Guterres, reuniu-se com o comandante das tropas do leste da Líbia numa tentativa de evitar o avanço das tropas lideradas por Khalifa Haftar, sobre a capital Tripoli, contra o governo reconhecido pela ONU.
8 Abril 2019, 10h20

O barril de petróleo Brent, negociado em Londres e que é referência para Portugal, soma 0,45%, para 70,66 dólares, esta segunda-feira, quando a instabilidade política e militar na Líbia aumenta, colocando em risco o governo apoiado pelas Nações Unidas. O petróleo atinge assim máximos de cinco meses, negociando no seu valor mais elevado desde novembro de 2018.

De acordo com o “The Guardian”, o Brent volta a estar acima dos 70 dólares, depois de no início de 2019 os receios dos investidores numa desaceleração da economia mundial ter espoletado restrições na oferta do petróleo que , de certa forma, sustentaram os preços do “ouro negro”.

Na sexta-feira, o secretário-geral da ONU, António Guterres reuniu-se com o comandante das tropas do leste da Líbia numa tentativa de evitar o avanço das tropas lideradas por Khalifa Haftar sobre a capital Tripoli, contra o governo reconhecido pela ONU.

Haftar lidera o Exército Nacional da Líbia (LNA) que se mantém fiel ao governo alternativo do leste do país, que por estes dias leva a cabo uma ofensiva contra o governo reconhecido pela ONU. Decorre na Líbia uma segunda guerra civil pelo poder na Líbia, desde a queda de Khadafi em 2011.

Na quinta-feira, o LNA tomou a região de Gharyan, 80 quilómetros a sul de Tripoli, depois de alguns confrontos com forças aliadas do primeiro-ministro declarado, Fayez al-Serraj.

António Guterres foi ainda a Tobruk, cidade do leste da Síria, para reunir com Aguila Saleh, presidente da Câmara dos Representantes da Líbia e aliado de Haftar, e apelou à conteção.

Assim, com o escalar da segunda guerra civil da Líbia, iniciada em 2014 após a primeira vaga, em 2011, conhecida por Revolução Líbia ter levado à morte do então líder Muammar al-Gaddafi, mas também devido aos cortes na oferta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e às sanções ao Irão e à Venezuela, o preço do petróleo sai pressionado.

De acordo com a Reuters, os países exportadores de petróleo atravessam uma fase complexa, sobretudo pela ameaça da Arábia Saudita sobre os Estados Unidos de poder deixar de comercializar petróleo em dólares. Em causa está a chamada lei “Nopep” (Não à OPEP, tradução livre).

A “Nopep” é uma lei que, caso seja aprovada em Washington, determina que são os EUA de ora em diante a ditar os preços e até o nível de produção de petróleo, seja através da especulação dos mercados ou por via judicial, caso os membros da OPEP se recusem a aceitar esses valores. Esta é uma proposta que está nos corredores do congresso norte-americano desde 2000.

Caso seja aprovada, os analistas financeiros dizem que Riade poderá, então, tomara a “opção nuclear”: negociar o petróleo com outras divisas, menos o dólar.

Segundo a Reuters, a Arábia Saudita advertiu Washington de que, se a chamada “lei NOpep (Não à Opep)” for aprovada e posta em vigor, Riad irá desencadear o que os especialistas chamam de “opção nuclear”: abandonar o petrodólar e passar a comercializar o petróleo em outras moedas.

A esta situação acrescem os casos do Irão e da Venezuela, que estão sob sanções norte-americanas e, por isso, já deixaram o chamado ‘petrodólar’ (termo utilizado para mencionar o dinheiro decorrente da negociação de petróleo) –  algo que o Iraque, então com Saddam Hussein, tentou fazer. Sob sanções económicas, Irão e Venezuela acabam, segundo a Reuters, por vender o seu petróleo à Rússia e à China.

Além do Brent, o WTI, negociado em Nova Iorque, ganha 0,43%, para 63,35 dólares.

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