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Guerras na Ucrânia e Médio Oriente provam necessidade de mudanças nas instituições, diz Cravinho

Esta guerra, relembrou o ministro português, provocou várias outras crises como a segurança alimentar que se tem feito sentir em distintas partes do globo, “em especial no empobrecido continente africano”.
22 Fevereiro 2024, 08h16

O ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu hoje no seu discurso perante os chefes da diplomacia do G20 que as guerras na Ucrânia e Médio Oriente provam a necessidade de mudanças nas instituições internacionais.

Num discurso, a que a agência Lusa teve acesso, proferido perante os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, sentados à volta de uma grande mesa retangular, João Gomes Cravinho frisou que este grupo é essencial num mundo em que as “instituições já não desempenham adequadamente o papel para o qual foram criadas”.

“Um exemplo particularmente evidente desta degradação é a guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, que constitui uma violação grosseira dos princípios mais básicos do direito internacional” como a Carta das Nações Unidas feito pela Rússia, “um membro permanente do Conselho de Segurança da ONU”, afirmou num discurso em inglês e ouvido pelo seu homólogo russo, Sergey Lavrov, presente na sala de eventos na Marina da Glória, na cidade brasileira do Rio de Janeiro.

Esta guerra, relembrou o ministro português, provocou várias outras crises como a segurança alimentar que se tem feito sentir em distintas partes do globo, “em especial no empobrecido continente africano”.

“Uma rara notícia positiva é o facto de a marinha russa ter sido empurrada para fora da parte ocidental do Mar Negro, o que permite o recomeço lento mas constante das exportações de cereais da Ucrânia”, disse.

Tal como na Ucrânia, em Gaza “estão também em causa princípios básicos do direito internacional”, frisou, reiterando contudo a “necessidade de tolerância zero em relação ao terrorismo”.

“Não podemos aceitar a indiferença relativamente à vida ou à morte de civis inocentes, especialmente mulheres e crianças”, sublinhou João Gomes Cravinho, apelando, uma vez mais, ao cessar-fogo imediato e para a necessidade da “concretização da solução de dois Estados”.

Na opinião do chefe da diplomacia de Portugal, os acontecimentos recentes em Gaza têm provado o “fracasso coletivo ao longo de décadas para forçar a aplicação da Resolução 242 do Conselho de Segurança da ONU”, que determinava a retirada das forças armadas israelitas dos territórios que ocuparam em 1967, assim como os Acordos de Paz de Oslo, rubricado pelo então primeiro-ministro de Israel Yitzhak Rabin e pelo então líder palestiniano Yasser Arafat.

“Permitam-me que conclua dizendo com toda a ênfase que estamos a assistir ao rápido desmantelamento da ordem internacional”, afirmou João Gomes Cravinho.

A reunião dos chefes da diplomacia termina na quinta-feira, sendo que a ordem do dia será precisamente a a necessidade de reformas nas instituições de governança global, como nas Nações Unidas, Organização Mundial de Comércio e bancos multilaterais, proposta pelo Brasil, que preside as reuniões.

O Brasil, que assumiu a presidência do G20 a 01 de dezembro de 2023, é o anfitrião do encontro de dois dias que reúne no mesmo espaço os máximos responsáveis diplomáticos das 20 maiores economias do mundo, como o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, o chanceler russo, Sergei Lavrov, mas também o Alto Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e e Vice-Presidente da Comissão Europeia, Josep Borrell, os responsáveis da União Africana, autoridades dos países convidados da presidência brasileira, como o ministro dos Negócios Estrangeiros de Portugal, João Gomes Cravinho, e representantes de doze organizações internacionais.

O secretário-executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, marca presença a convite do Brasil, assim como Angola, que se faz representar pelo ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano.

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