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Guindos não quer ‘plano de resgate’ gaulês à Renault e PSA

O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), o espanhol Luís de Guindos, considera que a programada injeção de capital nos dois grupos automóveis vai colocar questões de concorrência interna dispensáveis.
28 Maio 2020, 18h50

A ajuda direta do Estado francês aos seus dois gigantes do setor automóvel, Renault e PSA, está a gerar um terremoto político na Europa: esta quarta-feira, o vice-presidente do BCE, Luis de Guindos, atacou o governo gaulês e exigiu que a operação fosse interrompido por violar as regras europeias de concorrência e facilitar a fragmentação do mercado interno.

“Houve um relaxamento das políticas de auxílio estatal na Comissão Europeia e acho que devemos voltar à normalidade, porque nem todos os países podem dar a mesma ajuda do ponto de vista do volume“ de financiamento, alertou o ex-ministro da Economia da Espanha citado por vários jornais.

A França comprometeu-se a injetar oito mil milhões de euros no setor automóvel para aliviar as dificuldades dos seus dois ‘pesos-pesados’ sob a ‘desculpa’ de que a Renault e a PSA fabricam veículos elétricos e de baixa poluição nas fábricas instalas em território francês, o que poderia afetar as fábricas que os grupos possuem noutros países.

“É muito importante que os regulamentos dos auxílios estatais evitem disparidades”, disse Guindos – sendo de recordar que a PSA é um dos maiores fabricantes de Espanha. Em conferência de imprensa remota, Guindos garantiu que “é muito importante que os regulamentos sobre auxílios estatais evitem disparidades. A minha impressão é que a Comissão Europeia está a prestar atenção ao problema, porque as suas consequências podem ser muito negativas para o mercado interno, o que está a começar a ser evidente”, disse.

O vice-presidente do BCE também se referiu à situação que o setor financeiro está a passar no contexto económico de pandemia. Na sua opinião, o sistema está menos preparado que na crise iniciada em 2008, pedindo às entidades do setor que acelerem os planos de corte de custos e de fusões. Recorde-se que o BCE alertou no dias anterior que diferentes bancos registariam “perdas significativas” devido aos efeitos da pandemia. O banco estima que a rentabilidade do setor caia dos atuais 6% para cerca de 2,5% em 2020 e 2021, bem abaixo dos 10% exigidos.

Guindos disse que “se um banco tinha um problema de rentabilidade antes, agora estará agravado e isso torna as medidas ainda mais necessárias”. “São fundamentalmente a eliminação do excesso de capacidade, por meio da redução e consolidação de custos”.

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