As rendas das casas atingiram o valor mais elevado dos últimos cinco anos em junho, e uma análise do portal idealista evidencia que o aumento da oferta no mercado de arrendamento não foi “suficiente para responder à alta procura existente no país”.
O portal imobiliário sustenta que a tensão no mercado de arrendamento tem continuado a aumentar em território nacional, apesar da sua oscilação desde 2019. Apesar de quedas entre 2020 e 2021 por conta da pandemia, o balanço evidencia um crescimento deste mercado: “em junho de 2019 o custo mediano do arrendamento era de 11,4 euros/m2, um valor que subiu 41% para 16,2 euros/m2 em junho de 2024.
Contudo, o idealista não estranha o crescimento do custo, uma vez que o desequilíbrio entre oferta e procura se tem vindo a agravar desde o fim da década passada. Dados analisados mostram que a “procura de casas para arrendar subiu 165% entre o primeiro trimestre de 2019 e o mesmo período de 2024, enquanto a oferta de habitação aumentou apenas 36%”.
“O risco do arrendamento, a instabilidade legislativa e elevados impostos sobre as rendas são três fatores que têm vindo a travar a chegada de mais casas para arrendar ao mercado”, apontam vários especialistas ao idealista para explicar este aumento.
Mas a análise vai mais longe: nas duas maiores cidades portugueses, Lisboa e Porto, a procura de casas subiu a um ritmo muito mais acelerada que a oferta de arrendamento, tendo as rendas disparado nos últimos cinco anos.
Explicam os dados do idealista que na capital a procura “mais do que duplicou desde o início de 2019,tendo sido registada uma média de 29,4 contactos por anúncio no arranque deste ano”. No entanto, a oferta “não soube acompanhar esta evolução, tendo subido apenas 5%”. Em resultado desta procura e falta de oferta, “rendas das casas aumentaram 43% em cinco anos, fixando-se em 21,5 euros/m2 no final de junho”, um dos maiores de sempre já registados em Lisboa.
Simultaneamente, também o Porto viu a procura mais do que duplicar em cinco anos, com uma média de 24 contactos por anúncio nos primeiros três meses do ano. “Embora a oferta tenha dado o salto de 74%, ficou abaixo do crescimento do interesse das famílias (122%). Este desequilíbrio resultou numa renda mediana de 17,2 euros/m2 em junho, mais 61% que no mesmo mês de 2019”.
Ainda assim, o idealista explica que a subida das rendas do mercado imobiliário não foi apenas motivada pela falta de oferta, atribuindo ‘culpas’ ao “período inflacionista que reduziu o poder de compra e elevou os juros no crédito habitação”, o que empurrou mais famílias para o arrendamento.
A situação alterou-se um pouco. Com a incerteza da elevada inflação e subida dos juros, as famílias portugueses mostraram-se reticentes na mudança de casa, observando-se uma queda de 26% da procura de casas para arrendar entre o início de 2023 e o arranque de 2024.
“O menor apetite pelo mercado de arrendamento – também justificado pelas altas rendas – acabou por aumentar a oferta de habitação em 81% no território nacional. Mas este crescimento não foi suficiente para travar o aumento das rendas: o custo mediano do arrendamento subiu 12% num ano para 16,2 euros/m2 em junho, mostram ainda os dados do idealista/data. O que se sentiu foi um crescimento mais lento das rendas no país”, adianta o idealista.
Assim sendo, as famílias passaram a ter uma maior taxa de esforço no arrendamento, passando de 71% no início do ano passado para 81% no início de 2024, significando que o valor do arrendamento passou a pesar ainda mais no orçamento familiar e o rendimento disponível dos agregados.
Voltando a pegar nos dois maiores centros urbanos nacionais, o idealista mostra que a procura caiu 48% num ano em Lisboa, duplicando as casas disponíveis. Ainda assim, “o desequilíbrio manteve-se de tal forma que as rendas subiram 8% neste período para 21,5 euros/m2 em junho”, sendo que “a taxa de esforço deu o salto de quatro pontos percentuais, fixando-se em 86% nos primeiros três meses deste ano”.
Já no Porto, o interesse no arrendamento caiu 36% e a oferta duplicou. “O aumento das rendas foi de 13% no último ano, fixando as rendas medianas em 17,2 euros/m2 em junho”, verificando uma redução para 71% da taxa de esforço.
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