Há quem receie que Trump tente influenciar escolha de novo Papa

Pode Donald Trump influenciar a escolha de um novo Papa? Há quem acredite que a Casa Branca queira um Papa com ideias mais próximas da atual administração norte-americana.

A revelação foi feita por um observador próximo da política do Vaticano ao “Politico”.

“Influenciaram a política europeia, não terão problema em influenciar o conclave. Podem estar à procura de alguém menos confrontacional”, afirmou o responsável à plataforma.

O Papa Francisco criticou duramente a administração de Donald Trump pelas suas políticas de deportação de imigrantes.

“Encorajo todos os fiéis da Igreja Católica a não cederem a narrativas que discriminam e causam sofrimento desnecessário aos nossos irmãos e irmãs migrantes e refugiados”, disse o Santo Padre em janeiro numa carta enviada aos bispos católicos dos EUA, citado pelo “G1”.

A crítica do Papa surgiu também depois de o vice-presidente JD Vance, católico, ter defendido as políticas recorrendo ao Ordo Amoris (ordem de amor), um conceito teológico sobre amor, que justificou como uma hierarquia de amor: “Amas a tua família, depois o teu vizinho, e depois amas a tua comunidade, os teus compatriotas. E depois, podes focar-te e priorizar o resto do mundo”, afirmou na “Fox News” citado pela “Time”.

As críticas de Francisco mereceram o ataque de Tom Homan, czar de Trump para a segurança fronteiriça: “Quero que ele se concentre na Igreja Católica. Deixe a vigilância da fronteira connosco. Ele quer nos atacar porque garantimos a segurança das nossas fronteiras? Há um muro ao redor do Vaticano, certo? Não podemos ter um muro ao redor dos Estados Unidos?”.

O Papa Francisco tem tentado tornar a Igreja Católica mais inclusiva, estando mais atento ao papel da mulher e das pessoas LBGT+. Por um lado, os conservadores criticam o Papa, por outro, há quem considere que não abre suficientemente as portas da Igreja.

Desde que foi eleito em 2013, o número de mulheres em cargos na Santa Sé e na administração do Vaticano subiu de 19% para 23%.

O Sumo Pontífice teve uma noite “descansada”, adiantou já esta manhã o Gabinete de Imprensa da Santa Sé.

Francisco tem alternado entre descanso, rezar e leitura, tendo enviado uma mensagem de agradecimento a quem tem mostrado o seu apoio, pedindo que continuem a rezar por si, segundo o “Vatican News”.

A 6 de fevereiro, ainda antes de ser hospitalizado, reconduziu no cargo o cardeal italiano Giovanni Battista Re como reitor do colégio de cardeais. Este é o responsável por alguns dos preparativos de um eventual conclave, o encontro secreto que escolhe o novo Papa.

Francisco antecipou-se, garantindo que o processo decorre conforme os seus desejos, pois havia uma votação planeada para escolher um novo reitor.

Giovanni Battista Re “será assim uma figura essencial nas discussões à porta fechada que vão ter lugar antes do conclave”, escreve o “Politico”.

A recondução, em vez de ser escolhido um candidato mais novo, prova que Francisco “quer manter uma pessoa amiga no papel que irá defender o seu legado”.

“A preparação do conclave é mais importante porque é onde tem lugar o lobbying“, segundo uma fonte com conhecimento do tema.

Em 2013, quando foi escolhido como Papa, Francisco beneficiou da influência de um grupo de cardeais que não participaram no conclave, pois tinham ultrapassado o limite de idade, mas que conseguiram influenciar o desfecho.

Giovanni Battista Re também irá preparar o ritual fúnebre se Francisco morrer. O Papa já disse em privado que o cardeal italiano irá tratá-lo melhor do que outros candidatos.

O Papa também nomeou a freira Raffaella Petrini como a próxima e a primeira governadora da Cidade do Vaticano, substituindo o atual governador o cardeal Fernando Vergez Alzaga que vai fazer 80 anos a 1 de março.

Recentemente, também nomeou a primeira mulher – a freira Simona Brambilla – para dirigir um dos ministérios do Vaticano: o Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, responsável pelas ordens e congregações religiosas.