O formato de ‘final four’ da Taça da Liga vai ser jogado fora de Portugal, numa decisão que marca a internacionalização de uma competição que já leva 17 temporadas. “Temos o objetivo de internacionalizar a marca”, realça a CEO da Liga Portugal.
Na 17ª edição da Taça da Liga, Leiria transformou-se no centro do futebol português, com o campeão de inverno a ser definido este sábado. Em entrevista ao programa “Jogo Económico”, da plataforma multimédia JE TV, Helena Pires, CEO da Liga Portugal, explica como esta competição evoluiu ao longo das épocas e como a próxima época pode marcar a internacionalização da competição.
Como é que tem sido a evolução desta competição no panorama futebolístico português?
É uma competição que ao longo dos tempos soube posicionar-se, soube valorizar-se e atualmente, o calendário desportivo já a considera uma das provas que é importantes e que todas as equipas querem vir para para ganhar. Portanto, ao longo desta época, destas 17 épocas da competição, a prova ganhou a sua firmeza, afirmou-se. É uma prova que é muito mais do que um mero jogo de futebol. É uma semana dedicada ao futebol e ao futebol profissional e, portanto, há aqui uma grande envolvência do futebol com a comunidade, com as associações e com todos os nossos parceiros. E é isto que torna esta semana do futebol diferente e que ajudou também esta competição a afirmar se no panorama nacional.
Esta é uma semana em que a Liga Portugal aproveita para promover o futebol.
Costumamos dizer que esta é a taça que nos liga. Esta é a competição que agrega todos os players em torno daquilo que é a atividade do futebol e estes eventos que trazemos à cidade e que acabam por agregar todos estes, tipo este tipo de agentes, tornam esta competição diferenciadora.
E qual é a importância de realizar este tipo de atividades fora daqueles que são os grandes polos por onde passa o futebol profissional?
É trazer aquilo que é o mais alto nível do futebol até às comunidades. Assim, agradeço à Câmara Municipal de Leiria por todo o apoio que nos tem dado e também à Associação de Futebol de Leiria, que tem sido incansável neste conjunto de atividades. E, portanto, esta é a nossa visão e o nosso posicionamento. Esta é uma competição diferente, é uma competição das famílias, é para as famílias e é nesse sentido, para os adeptos.
Que caminho tem feito esta competição para se tornar mais atrativa, quando no início era tão desvalorizada?
A Taça da Liga era uma competição que, efetivamente, era desvalorizada no início e aquilo que a Liga fez foi criar um modelo que a tornasse competitiva e atrativa. Estamos muito felizes porque o Estoril cá conseguiu chegar. Esta não é uma prova que está direcionada só para as equipas que estão, por norma, no topo da tabela. Ao longo dos anos temos percebido que outras equipas conseguem chegar à final, o que também nos deixa muito agradados. O ano passado tivemos o Arouca e tivemos o Académico de Viseu, se bem se recorda. Portanto, é uma prova que nos dá também surpresas, porque o que conta aqui é efetivamente a competitividade entre as equipas. O formato que escolhemos foi um modelo que continuasse a valorizar a prova. Até porque, como sabem, queremos internacionalizar a final four e, portanto, temos todo o interesse em potenciar esta competição. Esta é uma decisão tomada democraticamente por todas as sociedades desportivas. A Liga toma as suas decisões sempre em concertação com as sociedades desportivas e, portanto, este modelo nasce de uma reflexão profunda daquilo que foi o modelo competitivo e que foi até falado e conversado em cimeira de presidentes e também aí foi decidido pelos presidentes.
Como é que será feita essa internacionalização da competição?
Estamos a trabalhar, temos várias propostas em cima da mesa e em breve teremos notícias em relação a essa questão. Aquilo que entendemos é que a semana da final four possa ir para um país diferente do nosso e, portanto, é nesse sentido que estamos a trabalhar, porque também temos esse objetivo, que é a internacionalização da nossa marca.
Para que destino? Um país lusófono, europeu com grande incidência de emigrantes portugueses ou um país árabe?
Vamos tomar a decisão que for a mais acertada para o futebol português, para as nossas sociedades desportivas. Ainda não está nenhuma decisão tomada. Não está fechado. Há várias propostas em cima da mesa e estão a ser bem ponderadas, como calculará.
Tudo isto tem que ser articulado e alinhado e acertado, por forma a não prejudicar também a competição doméstica. Portanto, estamos a acertar a mudança.
E quanto ao modelo competitivo?
A mudança do modelo competitivo deveu-se exclusivamente ao pós 24 que vai ser um desafio gigante para as nossas equipas e portanto, aquilo que a Liga Portugal fez com as suas sociedades desportivas foi arranjar um caminho que obviamente não prejudicasse aquilo que é o desempenho das nossas equipas em competições internacionais. É muito importante mantermos aquilo que é o nosso ranking internacional. Esta questão dos pontos da Liga Conferência terem a mesma valoração dos pontos da ‘Champions’ prejudicou-nos porque conseguimos ir à ‘Champions’, temos menos equipas na Liga Conferência e mesmo assim temos menos pontos.
Portanto, temos um trabalho muito difícil pela frente. Neste momento, o presidente da Liga é também presidente das ligas europeias, o que também nos dá outra afirmação em termos internacionais e, portanto, estamos a lutar. O nosso grande desafio é garantir a estabilidade dos nossos clubes na competição doméstica. As nossas equipas estão em competições internacionais e temos uma panóplia de soluções que vamos implementando a montante e a jusante, nomeadamente através das condicionantes.
Nesta semana, é muito importante a ativação das marcas que estão em torno desta semana de festa do futebol?
Esta é uma das épocas em que estamos a ter mais marcas associadas à competição, o que prova bem a diferenciação e a capacidade que esta semana do futebol tem para as marcas se poderem exponenciar. Obviamente que temos uma série de atividades que fogem àquilo que é a normalidade e portanto também isto promove e faz com que as marcas venham até nós. Portanto, há a valorização da própria competição. Há muita vontade das marcas em investirem nesta prova e este ano conseguimos ter um aumento do número de parceiros que se quiseram associar à prova, seja de carácter social, lúdico, de juventude, de inovação. Portanto, esta semana acabámos por tentar fazer a diferenciação do nosso produto; é nisto que as marcas investem.
Como é que vê a Taça da Liga para além do tal modelo de internacionalização? Como será esta competição daqui a cinco, dez anos?
Claramente, vejo-a como uma competição ainda muito mais exponenciada, porque vamos internacionalizá-la e valorizá-la. Tanto as equipas como as marcas. Tenho a certeza absoluta que, tendo em conta o percurso que a prova tem tido, vão continuar a apostar em nós. E é da nossa responsabilidade garantir que damos o melhor produto. Deixei-me recordar que, este ano, esta competição vai ser transmitida em mais de 160 países. Portanto, já é uma mostra clara da importância e da estabilidade que a prova ganhou. Compete-nos o desafio constante de a manter ativa, viva, valorizada. E, portanto, é na melhoria deste produto que queremos apostar. É aí que vamos trabalhar e tenho a certeza que o futuro será muito interessante para esta competição.