O gasoduto de hidrogénio verde entre Portugal e a Alemanha foi anunciado com pompa e circunstância em março de 2023. A ideia era produzir hidrogénio em Portugal e Espanha, aproveitando as energias renováveis, para enviar para vários países europeus. Passados 2 anos, o projeto com o nome de H2Med continua muito embrionário sem prazos de execução e com dúvidas sobre o financiamento e viabilidade económica.
Analisando o H2Med, o presidente da Greenvolt defendeu que se deveria ter estudado o tema a fundo antes de ser anunciado o projeto. “Dizer que se vai fazer gasodutos de hidrogénio daqui para a Alemanha e depois a seguir é que se vai estudar… obviamente que não saiu do papel”, disse João Manso Neto na conferência do JE.
“Uma coisa é transformar o hidrogénio cinzento em verde em processos produtivos, é provável que sim. Agora, hidrogénio como forma de armazenar eletricidade, tenho dúvidas, mas estude-se como deve de ser”, acrescentou.
Dando o exemplo do projeto da Galp em Sines, que “tem alguma lógica”, aponta que uma coisa é “bem diferente é pegar no solar, fazer eletrólise, transformar em hidrogénio e voltar a queimar. Isto é difícil que seja rentável, estamos muito longe disso. Decidiu-se a nível político e alguém começou a estudar e viu que isto não” funcionava.
O líder da Greenvolt também defendeu que é “preciso construir mais rede elétrica”, mas considera que a rede elétrica atual, quer no transporte, quer na distribuição, “não esta totalmente utilizada”, dando o exemplo das centrais hídricas que têm a “potência de injeção reservada que é utilizada pouquíssimo tempo”.
“A rede elétrica não está explorada ao máximo. Não digo que não seja preciso investimento em rede, mas a rede tem de ser mais bem explorada. É preciso que os operadores de transporte e distribuição tenham incentivos. A retribuição da REN e E-Redes é baseada: quantos mais ativos, mais recebe; por outro lado, a qualidade do serviço. Que incentivo há para que a rede seja bem utilizada? Nenhum”, afirmou, defendendo que se o uso inteligente da rede fosse tido em conta nas contas totais, “os comportamentos seriam diferentes. Se não há incentivos… as pessoas atuam de acordo com incentivos”, disse, defendendo que a tutela e o regulador deveriam ter este tema em atenção.
Olhando para o outro lado do Atlântico, o gestor considera que o cancelamento de projetos eólicos offshore nos EUA por parte do Governo de Donald Trump é um retrocesso. “É nos momentos mais complicados que há oportunidades. Vemos oportunidades de fazer pequenas aquisições de parques eólicos, há bons projetos que os promotores pequenos que não tem dinheiro para desenvolver, em estados como o Maine. Offshore nos EUA é condição necessária para aumentar a competitividade da eletricidade nos estados do leste, Nova Inglaterra ou Nova Iorque, com muita procura de energia e verde. De onde virá? A ideologia é perversa. Os EUA estão a fazer mal. Europa deve continuar o seu caminho”, defendeu.
Para terminar, rejeitou também a ideia de a Europa entrar numa onda de “protecionismo” contra a China, considerando que seria um “grande problema” restringir a entrada de painéis solares ou baterias, fundamentais para a transição energética. “A energia solar só é barata, se usarmos os produtos chineses. Seria um erro crasso, Europa entrar numa guerra comercial com a China”.
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