[weglot_switcher]

Hidrogénio verde. Projeto de 217 milhões da Galp em Sines recebe aprovação ambiental (com áudio)

A concretização do projeto fica sujeita ao cumprimento de condicionante e à apresentação de elementos.
Estela Silva/Lusa
20 Junho 2023, 08h00

A Galp recebeu a aprovação por parte da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) para avançar com o seu projeto de 217 milhões de euros para produzir hidrogénio verde na refinaria de Sines. O processo de consulta pública terminou a 1 de junho.

Este projeto tem a conclusão prevista para o final de 2025. O GalpH2Park de Produção e Armazenagem de Hidrogénio Verde vai ter uma capacidade de 100 megawatts (MW) e vai ser instalado num terreno pertencente à Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), numa área de 4,5 hectares, com uma vida útil de 20 anos. O hidrogénio produzida nesta unidade vai ser consumido pela própria refinaria para substituir o hidrogénio cinzento, produzido à base de combustíveis fósseis, já consumido no complexo.

“No que diz respeito à fase de exploração, verificam-se impactes de natureza positiva com a produção de eletricidade a partir de fontes renováveis enquadrando-se o projeto nas principais linhas de orientação previstas nos principais documentos de estratégia climática e energética, como o PNEC 2030”, afirma a APA no Título Único Ambiental (TUA).

A condicionante exigida pela APA é que o  abastecimento de água necessário para a produção de hidrogénio seja assegurado a partir de efluente tratado com origem no sistema público gerido pela Águas de Santo André.

Em termos de elementos a apresentar, a APA exige, entre outros, o estudo hidrogeológico pormenorizado, e a análise de risco de saúde pública e ambiente, por exemplo.

Em termos de produção anual, a empresa destaca que terá uma capacidade de produção superior a 14 mil toneladas de hidrogénio verde, com a sua totalidade a ser consumida na própria refinaria para substituir o atual hidrogénio cinzento produzido no local com recurso ao gás natural e que dá “origem à emissão de gases com efeito de estufa como o dióxido de carbono”.O processo de eletrólise “não tem associadas emissões de gases de efeito de estufa”.

A fase de construção deverá ter a duração de 25 meses e vai empregar diretamente 225 trabalhadores. Na fase de produção, serão criados 52 postos de trabalho diretos.

Desta forma, o objetivo é instalar até 2025 esta unidade de 100 MW que será crucial para a “adaptação à nova tecnologia de produção de hidrogénio e aquisição de conhecimento”. Depois, até 2026, “está prevista a expansão do projeto até 600 MW, para garantir a totalidade da substituição de hidrogénio cinzento por verde na atividade da Refinaria de Sines”. Por último, até 2030, “está prevista a expansão da capacidade até 1,5 GW. Este aumento de capacidade servirá para dar resposta a necessidades de hidrogénio renovável para projetos de produção de combustíveis de baixo ou zero carbono, nomeadamente para a aviação e para o sector marítimo”, explica a empresa no estudo de impacte ambiental que foi submetido a consulta pública.

Tal como o Jornal Económico revelou em primeira mão a 21 de abril, a Galp prepara-se para investir 486 milhões de euros até ao final de 2025 na refinaria de Sines. A energética portuguesa tem duas frentes: o hidrogénio verde e os biocombustíveis rodoviários e de aviação. Serão criados 128 postos de trabalho diretos para operar estas unidades, com mais de mil trabalhadores para a fase de construção. Este investimento marca a nova trajetória da petrolífera rumo à descarbonização.

A maior fatia do investimento (269 milhões de euros) destina-se ao projeto HVO@Galp que prevê a construção de uma “unidade de produção de biocombustíveis (biojet e biogasóleo, fundamentalmente), para utilização no transporte rodoviário e aviação”.

Este projeto vai permitir à Galp a “substituição gradual dos tradicionais gasóleo e querosene de aviação (jet) de origem fóssil por combustíveis de origem sustentável com base em óleos alimentares usados e resíduos oleosos de animais e plantas”.

A companhia espera que o projeto gere receitas anuais no valor de 432 milhões de euros quando estiver em operação.

Com esta unidade serão criados 76 novos postos de trabalho diretos, e 150 a 200 indiretos. Durante a construção serão empregues em média 750 trabalhadores, podendo atingir mais de mil trabalhadores no pico das operações.

Esta unidade vai ter uma capacidade para produzir anualmente “262,7 kt/ano de biogasóleo ou de 193,0 kt/ano de biojet e de outros produtos, também de origem renovável, como a nafta e o propano”.

A construção deverá arrancar no segundo semestre de 2023 e termina na segunda metade de 2025.

RELACIONADO
Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.