A primeira-ministra britânica, Theresa May, volta hoje a encontrar-se com a Câmara dos Comuns, local onde muito recentemente averbou uma pesada derrota (a votação do acordo do Brexit) e uma vitória de duvidosas consequências (a moção de censura proposta pela oposição trabalhista).
Na carteira levará alterações ao referido acordo, na tentativa de convencer os deputados conservadores rebeldes (mais de cem) e os parceiros unionistas irlandeses do partido DUP de que finalmente está tudo em condições para a sua aprovação.
Ao longo do fim-de-semana, vários membros do governo de May afirmaram publicamente que o novo documento da primeira-ministra terá essa capacidade: a de agregar em seu torno uma maioria que permita a Londres voltar à mesa das negociações com Bruxelas – que ao longo da semana deu mostras de finalmente ter deixado de lado a irredutibilidade muito pouco dialogante da sua postura face ao que foi aceite pela primeira-ministra em dezembro passado.
Nenhum dos membros do governo teve ‘autorização’ para se alongar em detalhes sobre o que Theresa May dirá hoje no Parlamento, mas os analistas convergem numa ideia central: a primeira-ministra deverá apresentar como ponto essencial o pedido para que o dia 29 de março, mais um dia D (aquele em que o Reino Unido devia deixar a União Europeia em definitivo) seja ‘removido’ do calendário e que o país tenha mais tempo para gerir uma nova ronda de negociações com Bruxelas.
Tudo indica que May voltará também a assegurar que desta vez os deputados serão chamados a envolverem-se mais na questão da negociação do acordo – para que não se repita o espantoso espetáculo ocorrido em dezembro do ano passado, quando a Câmara dos Comuns se queixou de ter um genérico desconhecimento do acordo e de haver documentos imprescindíveis à sua compreensão que o governo não quis libertar.
Depois de May apresentar o documento, seguir-se-á mais uma semana de debates – durante a qual será possível com certeza perceber-se se há ou não um realinhamento das forças que levaram a primeira-ministra a averbar a derrota mais pesada da história recente dos executivos britânicos. A proposta será finalmente votada a 29 de janeiro.
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