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Huawei prevê crescimento de dois dígitos no 5G, apesar das pressões de Trump

“O 5G é uma revolução, não apenas 4G mais rápido”, defendeu Ken Hu, ‘deputy chairman’ da Huawei, no encontro anual com analistas, que decorre esta semana na cidade chinesa de Schenzen. Grupo prevê que o número de utilizadores de 5G atinja 500 milhões nos próximos três anos.
  • Ken Hu, chairman rotativo da Huawei
16 Abril 2019, 07h05

A tecnologia móvel de quinta geração (5G) deverá chegar a 500 milhões de utilizadores em todo o mundo até 2022, revolucionando a forma como as pessoas e as empresas vivem e trabalham, disse hoje o deputy chairman da Huawei, Ken Hu, na abertura da cimeira anual com analistas, em Schenzen. O grupo chinês prevê um crescimento de dois dígitos nesta área de negócio, apesar das pressões da administração Trump que, invocando riscos de cibersegurança, tem procurado travar a expansão internacional da Huawei.

A Huawei mantém 45 contratos com operadoras de telecomunicações de todo o mundo, com vista à disponibilização, ao longo dos próximos anos, desta tecnologia que permite velocidades que podem chegar aos 20Gbps. Porém, são poucos os países que já dispõem da tecnologia, devido aos elevados investimentos necessários e à dificuldade em construir um business case que os justifiquem. Em defesa do 5G e do seu potencial de negócio para as telecoms, Hu argumenta que não se trata apenas de mais velocidade, mas antes de uma “revolução”.

“Há quem se questione: porquê passar para o 5G, se o 4G já é muito rápido?”, afirmou o gestor chinês. “A minha resposta é que sim, o 5G é necessário, porque não é apenas uma questão de velocidade, pois com esta tecnologia a conetividade vai ser total. Teremos tudo online, a todo o tempo”, disse. “O 5G é uma revolução, não apenas 4G mais rápido”, frisou Ken Hu.

Questionado sobre as perspetivas do grupo para a área do 5G em 2019, depois de um crescimento de apenas 1% no ano passado, o deputy chairman da Huawei respondeu que nos últimos meses teve lugar uma “mudança de perceção e de entendimento” por parte das operadoras de telecomunicações mundiais em relação ao 5G, permitindo antever um forte crescimento nesta área.

“Há três anos, se falássemos com os operadores sobre o 5G, não tinham uma ideia clara sobre como seria implementado e como criaria valor para o seu negócio (…). Para ser honesto, desde a segunda metade do ano passado começamos a ver uma visão clara e pragmática sobre o 5G. Descobrimos que não precisamos de descobrir ou de discutir o business case do 5G, porque já o conseguimos ver. Podemos oferecer serviços para indivíduos e aplicações industriais. E já vemos as mudanças introduzidas pelo 5G na indústria dos media, por exemplo. Já são casos muito práticos”, acrescentou Ken Hu.

A Huawei antecipa que, nestas circunstâncias, o 5G vai ter uma implementação mais rápida que as redes de terceira (3G) e quarta geração (4G), atingindo a fasquia dos 500 milhões de utilizadores a nível mundial em apenas três anos, em comparação com dez no 3G e cinco no 4G. Em 2025, o número será bastante superior, com 2,8 mil milhões de utilizadores de 5G em todo o mundo, o que representará 58% da população mundial. E tecnologias como a realidade virtual vão também ser cada vez mais populares em áreas como os jogos eletrónicos e o ensino à distância, com 340 milhões de utilizadores em 2025.

“Por isso, de um ponto de vista de valor do negócio, vemos argumentos fortes a favor do 5G. As pessoas já vêem o 5G como algo que vale a pena. Em termos de maturidade da indústria e do supply side, vemos que o 5G já atingiu um nível bastante avançado, por exemplo nos dispositivos. Penso que na segunda metade deste ano as pessoas vão ter ainda mais confiança no business value para a indústria e creio que o 5G vai fazer o crescer a área de negócio de operadores. Vamos ter crescimento de dois digitos nessa área”, disse.

“Acreditamos que os governos e os operadores vão fazer as suas escolhas livremente”

Porém, a Huawei enfrenta riscos geopolíticos crescentes, devido às pressões por parte dos Estados Unidos, que falam em riscos de cibersegurança para os governos e empresas que utilizem a tecnologia chinesa.

David Wang, diretor executivo da Huawei, afirmou que o facto de os Estados Unidos e outros países ameaçarem bloquear o acesso da Huawei às suas redes 5G, devido a acusações de espionagem, não vai pôr em causa este crescimento. “Algumas notícias não são inteiramente corretas. Nos EUA e na Austrália, foi a Huawei que decidiu não entrar nesses mercados”, garantiu o responsável, quando questionado por um analista.

“Em 2019 vamos enfrentar pressões, mas acreditamos que os governos e operadores vão fazer as suas escolhas”, disse David Wang, acrescentando que é natural que alguns países estejam na primeira linha de adoção da tecnologia, enquanto a maioria está na segunda e na terceira. Em Portugal, os primeiros leilões de espetro para utilização de 5G estão previstos para 2020.

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Por sua vez, Ken Hu reconheceu que as “questões geopolíticas e a mudança nas relações comerciais internacionais” são “riscos externos” a que a Huawei tem de estar atenta. Mas frisou que a cibersegurança deve ser vista como um tema técnico e não político.

“Não considero a cibersegurança um risco político. Isso é essencialmente uma questão técnica. No que toca à Huawei, por um lado faremos melhor o nosso trabalho. Por outro, vamos cooperar [no domínio da cibersegurança]. Vamos focar-nos nas tecnologia e afastar-nos da política”, disse.

Acrescentou, porém, que “se a cibersegurança for politizada, será um grande desafio” para a Huawei e para toda a indústria tecnológica, bem como para as relações comerciais entre países. “Porque se um assunto é politizado, essa discussão passa a ser baseada em sentimentos em vez de factos. E isso tipo de abordagem poderá colocar a tecnologia num desenvolvimento fragmentado. A fragmentação da tecnologia vai impedir a inovação e torná-la um custo para a nossa sociedade”, disse.

Fundada em 1988, a Huawei é uma multinacional de equipamentos para redes e telecomunicações. Em Portugal, tem trabalhado com as várias operadoras de telecomunicações nacionais desde 2005, quando se deu a passagem para as redes 3G. O grupo chinês é líder mundial na área nas redes de quinta geração 5G, estando atualmente no centro de uma luta entre a China e os EUA pela hegemonia nesta tecnologia.

(*) O jornalista viajou a convite da Huawei

 

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