A tecnologia móvel de quinta geração (5G) deverá chegar a 500 milhões de utilizadores em todo o mundo até 2022, revolucionando a forma como as pessoas e as empresas vivem e trabalham, disse hoje o deputy chairman da Huawei, Ken Hu, na abertura da cimeira anual com analistas, em Schenzen. O grupo chinês prevê um crescimento de dois dígitos nesta área de negócio, apesar das pressões da administração Trump que, invocando riscos de cibersegurança, tem procurado travar a expansão internacional da Huawei.
A Huawei mantém 45 contratos com operadoras de telecomunicações de todo o mundo, com vista à disponibilização, ao longo dos próximos anos, desta tecnologia que permite velocidades que podem chegar aos 20Gbps. Porém, são poucos os países que já dispõem da tecnologia, devido aos elevados investimentos necessários e à dificuldade em construir um business case que os justifiquem. Em defesa do 5G e do seu potencial de negócio para as telecoms, Hu argumenta que não se trata apenas de mais velocidade, mas antes de uma “revolução”.
“Há quem se questione: porquê passar para o 5G, se o 4G já é muito rápido?”, afirmou o gestor chinês. “A minha resposta é que sim, o 5G é necessário, porque não é apenas uma questão de velocidade, pois com esta tecnologia a conetividade vai ser total. Teremos tudo online, a todo o tempo”, disse. “O 5G é uma revolução, não apenas 4G mais rápido”, frisou Ken Hu.
Questionado sobre as perspetivas do grupo para a área do 5G em 2019, depois de um crescimento de apenas 1% no ano passado, o deputy chairman da Huawei respondeu que nos últimos meses teve lugar uma “mudança de perceção e de entendimento” por parte das operadoras de telecomunicações mundiais em relação ao 5G, permitindo antever um forte crescimento nesta área.
“Há três anos, se falássemos com os operadores sobre o 5G, não tinham uma ideia clara sobre como seria implementado e como criaria valor para o seu negócio (…). Para ser honesto, desde a segunda metade do ano passado começamos a ver uma visão clara e pragmática sobre o 5G. Descobrimos que não precisamos de descobrir ou de discutir o business case do 5G, porque já o conseguimos ver. Podemos oferecer serviços para indivíduos e aplicações industriais. E já vemos as mudanças introduzidas pelo 5G na indústria dos media, por exemplo. Já são casos muito práticos”, acrescentou Ken Hu.
A Huawei antecipa que, nestas circunstâncias, o 5G vai ter uma implementação mais rápida que as redes de terceira (3G) e quarta geração (4G), atingindo a fasquia dos 500 milhões de utilizadores a nível mundial em apenas três anos, em comparação com dez no 3G e cinco no 4G. Em 2025, o número será bastante superior, com 2,8 mil milhões de utilizadores de 5G em todo o mundo, o que representará 58% da população mundial. E tecnologias como a realidade virtual vão também ser cada vez mais populares em áreas como os jogos eletrónicos e o ensino à distância, com 340 milhões de utilizadores em 2025.
“Por isso, de um ponto de vista de valor do negócio, vemos argumentos fortes a favor do 5G. As pessoas já vêem o 5G como algo que vale a pena. Em termos de maturidade da indústria e do supply side, vemos que o 5G já atingiu um nível bastante avançado, por exemplo nos dispositivos. Penso que na segunda metade deste ano as pessoas vão ter ainda mais confiança no business value para a indústria e creio que o 5G vai fazer o crescer a área de negócio de operadores. Vamos ter crescimento de dois digitos nessa área”, disse.
“Acreditamos que os governos e os operadores vão fazer as suas escolhas livremente”
Porém, a Huawei enfrenta riscos geopolíticos crescentes, devido às pressões por parte dos Estados Unidos, que falam em riscos de cibersegurança para os governos e empresas que utilizem a tecnologia chinesa.
David Wang, diretor executivo da Huawei, afirmou que o facto de os Estados Unidos e outros países ameaçarem bloquear o acesso da Huawei às suas redes 5G, devido a acusações de espionagem, não vai pôr em causa este crescimento. “Algumas notícias não são inteiramente corretas. Nos EUA e na Austrália, foi a Huawei que decidiu não entrar nesses mercados”, garantiu o responsável, quando questionado por um analista.
“Em 2019 vamos enfrentar pressões, mas acreditamos que os governos e operadores vão fazer as suas escolhas”, disse David Wang, acrescentando que é natural que alguns países estejam na primeira linha de adoção da tecnologia, enquanto a maioria está na segunda e na terceira. Em Portugal, os primeiros leilões de espetro para utilização de 5G estão previstos para 2020.
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Por sua vez, Ken Hu reconheceu que as “questões geopolíticas e a mudança nas relações comerciais internacionais” são “riscos externos” a que a Huawei tem de estar atenta. Mas frisou que a cibersegurança deve ser vista como um tema técnico e não político.
“Não considero a cibersegurança um risco político. Isso é essencialmente uma questão técnica. No que toca à Huawei, por um lado faremos melhor o nosso trabalho. Por outro, vamos cooperar [no domínio da cibersegurança]. Vamos focar-nos nas tecnologia e afastar-nos da política”, disse.
Acrescentou, porém, que “se a cibersegurança for politizada, será um grande desafio” para a Huawei e para toda a indústria tecnológica, bem como para as relações comerciais entre países. “Porque se um assunto é politizado, essa discussão passa a ser baseada em sentimentos em vez de factos. E isso tipo de abordagem poderá colocar a tecnologia num desenvolvimento fragmentado. A fragmentação da tecnologia vai impedir a inovação e torná-la um custo para a nossa sociedade”, disse.
Fundada em 1988, a Huawei é uma multinacional de equipamentos para redes e telecomunicações. Em Portugal, tem trabalhado com as várias operadoras de telecomunicações nacionais desde 2005, quando se deu a passagem para as redes 3G. O grupo chinês é líder mundial na área nas redes de quinta geração 5G, estando atualmente no centro de uma luta entre a China e os EUA pela hegemonia nesta tecnologia.
(*) O jornalista viajou a convite da Huawei
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Ed. Tecnologia IV
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