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Hungria: Orbán retira do seu partido do grupo europeu PPE

O primeiro-ministro da Hungria já tinha ameaçado que sairia se o maior partido da Europa adotasse regras que permitem a suspensão de delegações inteiras que não cumpram com as regras internas.
4 Março 2021, 07h50

O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, anunciou esta quarta-feira que vai retirar o seu partido, o Fidesz, do Partido Popular Europeu (PPE), efetivando assim uma ameaça que tinha deixado explícita há alguns dias atrás. “Informo-vos que os eurodeputados do Fidesz renunciam como membros do PPE”, anuncia Orbán numa carta ao presidente daquele grupo, Manfred Weber, citada pela agência EFE.

Esta decisão chega pouco depois de o PPE ter votado emendar as suas normas internas para permitir acelerar a suspensão da delegação húngara no seu conjunto, ao invés de o fazer de forma individual.

“As emendas aprovadas são um ato claramente hostil contra o Fidesz e os seus eleitores”, salientou Orbán, acrescentando que estas medidas “privam os eleitores húngaros dos seus direitos políticos”, algo que considera “inaceitável”.

O partido de Orbán está suspenso como membro do PPE há quase dois anos, mas a pandemia manteve suspensa uma reunião na qual uma possível expulsão final seria debatida. As tensões aumentaram quando o governo de Orbán lançou uma campanha, antes das eleições europeias de 2019, acusando o então presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, de participar numa alegada conspiração para trazer milhões de refugiados para a Europa.

Alguns grupos do PPE acusaram o Fidesz de se distanciar dos valores democráticos europeus num momento em que a Comissão Europeia tem vários processos abertos contra Budapeste.

No passado mês de dezembro, o PPE impediu Tamas Deutsch, eurodeputado do Fidesz, de intervir no Parlamento Europeu sobre a alteração dos estatutos. Deutsch acusou Manfred Weber de se comportar como a “Gestapo”.

Recorde-se que o PPE, a maior família política europeia (onde estão os PSD e o CDS), adotou um novo regulamento interno que permite a suspensão de delegações inteiras, sendo que as as novas regras internas são uma forma de “adaptá-las ao atual funcionamento do Grupo, nomeadamente para permitir um bom funcionamento à distância”, dizia um comunicado do partido.

Este desfecho parece colocar um ponto final num longo mal-estar no seio do grupo, do qual o Fidesz já estava suspenso há dois anos. Os analistas colocaram sempre a questão de não se perceber o porquê de o PPE ter aceite a presença do partido húngaro, uma vez que desde a primeira hora estava claro que as divergências doutrinárias e de procedimentos eram bem mais que aquilo que fazia convergir as duas formações.

A questão toma contornos mais dramáticos numa altura em que a maioria dos países europeus está envolvida na ratificação do Plano de Recuperação e Resiliência – exatamente aquele que esteve bloqueado na Hungria e na Polónia.

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