O Governo de Angola está a preparar uma nova fase do seu programa de privatizações, com 41 ativos estratégicos prontos para avançar até 2026, revelou o presidente do Conselho de Administração (PCA) do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado (IGAPE), Álvaro Fernão, durante a terceira edição do evento “Doing Business Angola”, organizado pela Forbes África Lusófona e pelo Jornal Económico.
Desde o arranque do programa, em 2019, de acordo com Álvaro Fernão, já foram privatizados 110 ativos dos 163 inicialmente identificados. Do total restante, 12 ativos deverão ser excluídos do programa, aguardando-se ainda em junho a publicação de um novo decreto presidencial que incluirá esta atualização.
Este programa de privatizações tem vindo a ser implementado “em momentos difíceis na economia” lembrou Álvaro Fernão como a pandemia e a guerra na Ucrânia. Agora, de acordo com o PCA do Instituto de Gestão de Activos e Participações do Estado, “temos algumas tendências económicas globais que vemos como oportunidades, desta vez, para alavancar os próximos ativos que temos a privatizar”.
Entre os ativos já privatizados neste primeiro semestre de 2025, destacam-se a maior fábrica de cimentos do país, com uma capacidade anual de 3,6 milhões de toneladas (transação avaliada em cerca de 180 milhões de euros), a cervejeira CIF e uma unidade de montagem de automóveis, num volume de negócios total superior a 220 milhões de dólares.
BFA avança para Bolsa
Uma das principais operações previstas para o curto prazo é a entrada em bolsa do Banco de Fomento Angola (BFA), considerada por Álvaro Fernão como “a maior operação desde o início do programa em bolsa”. Estima-se que esta operação, prevista para o final de junho ou início de julho, envolva cerca de 200 milhões de euros, com a colocação de 29,75% do capital do banco — dos quais 15% pertencem ao próprio BFA e 14,75% ao BPI.
A operação será aberta a investidores não residentes, com o apoio da Administração Geral Tributária para garantir a emissão de NIF provisórios e representantes fiscais.
Setor do turismo é uma aposta clara
O turismo, que atualmente representa apenas 1% do PIB angolano, é também uma das áreas prioritárias. “Queremos aproximar-nos da média regional de 3% e de outras geografias que chegam aos 10%”, referiu o PCA do IGAPE.
Neste contexto, oito unidades hoteleiras serão disponibilizadas para privatização em junho/julho, incluindo os Hotéis IU (categoria 3 estrelas com 60 quartos) e o Aparthotel Bina no Soyo, com 21 pisos e capacidade para 333 hóspedes.
A privatização será feita através do modelo de gestão e exploração com opção de compra, exigindo uma caução de 10% a 15% do valor estimado dos ativos (entre dois e quatro milhões de euros), e prevendo pagamentos anuais e royalties sobre as vendas.
“O objetivo é manter os postos de trabalho durante, pelo menos, dois anos, e profissionalizar o setor com foco na valorização do capital humano”, explicou Álvaro Fernão.
Mais operações em bolsa até 2026
Outras operações de OPI (Oferta Pública Inicial) estão também previstas. A TV Cabo deverá avançar no terceiro ou quarto trimestre de 2025. Já a Unitel, Sonangol, Endiama, Cimangola e a SGA (gestão de aeroportos) estão a ser preparadas para 2026.
Entre os ativos estão ainda a TV Zimbo e o Grupo Medianova, atualmente em discussão quanto ao melhor momento e modelo de alienação.
Álvaro Fernão terminou a intervenção no Doing Business Angola deixando um repto para a plateia de mais de 300 participantes no evento dizendo que: “o programa de privatizações em Angola está aberto aos investidores estrangeiros e não residentes”, pelo que parcerias e troca de experiências são bem-vindas para alavancar a economia angolana.
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