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Impeachment. Casa Branca recusa-se a cooperar com investigações contra Donald Trump

A Casa Branca informou esta terça-feira o Congresso dos Estados Unidos que se recusa a participar no inquérito em curso para um eventual processo de destituição do Presidente Donald Trump.
  • REUTERS/Joshua Roberts
9 Outubro 2019, 13h51

A Casa Branca declarou guerra à Casa de Representantes ao anunciar que não vai cooperar com as investigações do processo de “impeachment” de Donald Trump. A administração considera os esforços dos democratas como “ilegítimos” tendo como objetivo “anular os resultados das eleições de 2016”.

Numa carta enviada aos líderes democratas da Casa dos Representantes, a que o New York Times teve acesso, a Casa Branca argumentou que o inquérito violou o precedente e negou os direitos do processo do presidente Trump de maneira tão flagrante que nem ele nem o poder executivo forneceriam de bom grado testemunhos ou documentos.

“As vossas ações sem precedentes deixaram o presidente sem escolha”, lê-se na carta assinada por Pat A. Cipollone, advogado da Casa Branca. “Para cumprir os seus deveres com o povo americano, a Constituição, o poder executivo e todos os futuros ocupantes do cargo de presidência, o Presidente Trump e o seu governo não podem participar na sua investigação partidária e inconstitucional nessas circunstâncias.”

Porém, ao recusar-se a cooperar com aquilo a que Trump chama de “tribunal kangoroo”, o presidente arriscou-se a garantir o mesmo resultado que preferiria evitar. Os democratas da Câmara deixaram claro que o não cumprimento das exigências pode muito bem formar a base do processo de impeachment.

“A Casa Branca deve ser avisada de que os esforços contínuos para ocultar a verdade do abuso de poder do presidente do povo norte-americano serão considerados mais uma prova de obstrução”, afirmou a presidente dos Representantes, Nancy Pelosi, em comunicado. “Sr. Presidente, você não está acima da lei. Você será responsabilizado”, rematou.

A decisão pode antever uma guerra constitucional. A carta foi divulgada horas depois do cancelamento da entrevista de Gordon Sondland, o embaixador norte-americano para a União Europeia, uma testemunha-chave no processo de destituição de Trump após a revelação da transcrição da conversa entre o presidente norte-americano e o homólogo ucraniano. As ordens partiram do Departamento de Estado, de acordo com o advogado de Gordon D. Sondland, mas foi corroborada por Donald Trump no Twitter.

“Adoraria enviar o embaixador Sondland, um bom homem e um grande americano, para testemunhar, mas infelizmente ele estaria a testemunhar perante um tribunal de cangurus [expressão coloquial usada para designar julgamentos sem provas], onde os direitos dos republicanos foram apagados e os factos verdadeiros não são mostrados ao público”, escreveu.

Democratas acusaram o governo norte-americano de obstrução. O diretor do Comité de Informações da Câmara dos Representantes, o democrata Adam Schiff, disse que o impedimento é “mais uma forte prova da obstrução das funções constitucionais do Congresso” por parte do governo de Donald Trump.

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