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Importações portuguesas de café do Brasil cresceram 49% e custaram o dobro em 2024

Os embarques de café brasileiro para Portugal passaram de 116.071 sacas (60 quilos), em 2023, para 173.287 sacas no ano passado e a receita obtida pelos exportadores brasileiros aumentou de 24,9 milhões de dólares (cerca de 23,7 milhões de euros) para 43,8 milhões de dólares (41,7 milhões de euros) no mesmo período.
15 Fevereiro 2025, 16h23

As importações portuguesas de café do Brasil em 2024 cresceram 49% e renderam aos exportadores brasileiros quase o dobro do valor, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) enviados à Lusa.

Os embarques de café brasileiro para Portugal passaram de 116.071 sacas (60 quilos), em 2023, para 173.287 sacas no ano passado e a receita obtida pelos exportadores brasileiros aumentou de 24,9 milhões de dólares (cerca de 23,7 milhões de euros) para 43,8 milhões de dólares (41,7 milhões de euros) no mesmo período.

Como bloco, a União Europeia foi a maior compradora do café brasileiro no mundo, respondendo por 46,8% do total dos embarques (23,612 milhões de sacas) no ano passado, um aumento de 42,8% face a 2023, que um consultor do setor atribui a regras europeias e a problemas noutros países produtores.

“O principal comprador do café brasileiro é os Estados Unidos, mas como bloco a União Europeia é o nosso principal mercado”, esclareceu, em declarações à Lusa, Gil Barabach, consultor de Safras & Mercado que analisa o mercado de café.

O maior apetite dos europeus pelo café brasileiro teve relação direta com uma nova legislação da União Europeia que proíbe a comercialização de produtos agrícolas sem rastreio de origem, que podem estar associados ao desflorestamento, que entraria em vigor em 30 de dezembro de 2024, mas foi adiada para o final deste ano.

Outra razão para o aumento das vendas do café brasileiro no mercado internacional apontada pelos especialistas diz respeito a problemas climáticos que afetaram colheitas no Vietname e Indonésia, facto que impactou a oferta do produto no mercado internacional e ajuda a explicar a forte alta dos preços no mercado internacional.

Os preços do café atingiram níveis máximos no início de 2025, segundo a organização mundial do setor, influenciados pelo corte estimado da produção no Brasil, o maior exportador mundial, e a incerteza face à nova política comercial dos Estados Unidos.

Barabach também salientou que a exigência de um protocolo e os certificados para comprovar que o café brasileiro exportado para o bloco europeu não foi colhido em regiões atingidas por ações de desflorestamento envolve toda uma burocracia que mexeu bastante com o mercado.

“A lei [da União Europeia] gerou algum ‘stress’ em relação ao abastecimento do café e alguns compradores anteciparam-se por medo de que seus fornecedores brasileiros não conseguissem atender todos os protocolos”, referiu.

Já Marcos Matos, diretor-geral do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), considerou que a legislação da União Europeia é exigente, mas defendeu que os produtores brasileiros “fazem muitos testes, estão avançando nos sistemas para estarem prontos no fim desse ano”.

“Independente disso, eles [compradores da União Europeia] também fizeram testes” e compraram mais ao Brasil “porque temos o Cadastro Ambiental Rural, lista de embargos dos órgãos ambientais, lista sobre trabalho análogo a escravidão, mapeamentos das áreas indígenas e unidades de conservação para provar que não existe sobreposição das colheitas nestas áreas”, concluiu.

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