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Imposto sobre lucros inesperados foi “momento infeliz” para Costa Silva, diz Marques Mendes (com áudio)

Marques Mendes considera que a primeira intervenção do novo ministro da Economia faltou preparação. “Não foi um momento infeliz, mas está a tempo de repensar”, sugeriu.
10 Abril 2022, 21h29

Luís Marques Mendes considera que o debate sobre o Programa do Governo “correu bem”, tanto para o Executivo como para o próprio António Costa, no entanto deixou algumas notas sobre a primeira intervenção do novo ministro da Economia, António Costa e Silva.

“O ministro da Economia não começou bem”, afirmou este domingo no seu espaço habitual de comentário no Jornal da Noite, da Sic. O motivo? “A incoerência e impreparação”, explicou, argumentando que o novo responsável pela pasta da Economia anunciou a possibilidade de um novo imposto sobre as energéticas com maior lucro devido à crise energética ainda que, em 2018, numa entrevista ao jornal “Público” tenha defendido precisamente o contrário: “Uma política que hostiliza as empresas e o lucro não cria condições amigas do desenvolvimento do país”, dizia.

“Não foi um momento infeliz, mas está a tempo de repensar”, atirou, sugerindo que o Governo evite a aplicação de novos impostos uma vez que, de acordo com os dados que apresentou, Portugal é o segundo país da União Europeia com impostos mais altos sobre as empresas.

“O que deve ser feito é garantir que os lucros elevados sejam reinvestidos. Que promovam novos investimentos. Essa é que deve ser a prioridade”, recomendou.

Recorde-se que na semana passada, durante o debate sobre o Programa do Governo, António Costa Silva, o novo ministro da Economia, admitiu que o Governo pode seguir a recomendação da Comissão Europeia e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento (OCDE) de taxar os lucros extraordinários das energéticas. No entanto, o ministro não revelou detalhes sobre o formato que esta medida pode vir a ter, caso avance.

Quanto às medidas anunciadas pelo Governo para fintar a inflação e o preço da energia, caracterizou-as como “boas e “positivas”.

“Era preciso atuar de uma forma concertada e articulada”, referiu o militante social democrata. “O que o primeiro-ministro anunciou e o Conselho de Ministros aprovou vão na boa direção”, frisando, referindo em especial o apoio às empresas e famílias mais carenciadas.

No entanto, deixou um alerta sobre o risco da inflação e dos preços da energia comprometerem o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Muitas empresas não vão estar disponíveis para concurso”, alertou, confessando acreditar que “vai ser difícil concluir o PRR até 2026. Ou Bruxelas alarga os prazos ou Portugal e outros países perdem dinheiro”.

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