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Impresa cai 6% em bolsa, depois de apresentar prejuízos de 21,6 milhões de euros

O prejuízo do exercício de 2017 é explicado pela assunção de 21,96 milhões de euros imparidades na sequência da venda do negócio das revistas. Os títulos da Impresa iniciaram a sessão de hoje a cair 9%, para 24,2 cêntimos.
  • Francisco Pedro Balsemão, CEO do grupo Impresa.
7 Março 2018, 09h41

Os títulos da Impresa estão a registar uma queda pronunciada na bolsa de Lisboa, seguindo, às 9:20, a perder 6%, para 25 cêntimos, depois de ter apresentado prejuízos de 21,65 milhões de euros no ano passado.

O prejuízo do exercício de 2017 é explicado pela assunção de 21,96 milhões de euros imparidades na sequência da venda do negócio das revistas.

Os títulos da Impresa iniciaram a sessão de hoje a cair 9%, para 24,2 cêntimos.

As revistas do grupo Impresa – entre as quais as semanais Visão e Caras e a mensal Exame – foram vendidas à Trust in News, de Luís Delgado, por um montante de 10,2 milhões de euros, num negócio anunciado no primeiro dia útil deste ano.

Sem ter em conta as imparidades, o resultado líquido do ano passado caiu 44%, para 1,54 milhões de euros.

Num cenário idêntico, o Caixa BI estimava uma subida dos resultados líquidos de cerca de 73%, para 4,8 milhões de euros, mesmo com uma quebra da receita.

Só que, as receitas caíram mais do que o estimado pelos analistas, enquanto os custos não desceram tanto como o previsto. Em vez da quebra de 1,7% estimada, as receitas registaram uma descida de 2%, para 201,8 milhões de euros, enquanto a redução dos custos operacionais, que previa ter sido 2,9%, foi inferior, limitada a 1,3%, para 190,4 milhões de euros.

Na nota diária de research desta quarta-feira, o Caixa BI regista que “o EBITDA e o resultado líquido ficaram muito abaixo do estimado devido ao registo de custos de reestruturação e imparidades relacionadas com a alienação do negócio das revistas”.

Mas diz que, “excluindo os custos de reestruturação o EBITDA ajustado ficou em linha com o estimado”.

 

“Reestruturação” justifica resultados

No comunicado, a Impresa justifica que “o ano de 2017 foi marcado por uma profunda reorganização”, que “culminou com a alienação do portfolio de revistas”, que “penalizou a evolução dos custos operacionais”. Estes custos, “apesar das poupanças em áreas como as despesas com pessoal, foram afetados pelos custos com restruturação e reforço de imparidades para cobranças”, acrescenta, apontando que os custos com reestruturação atingiram 5,3 milhões de euros, cerca do dobro do registado em 2016. “Ajustando os custos de reestruturação, a descida [dos custos operacionais] foi de 2,8%”, avalia. Ainda assim, um valor inferior ao estimado pelos analistas.

Em consequência, os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) em vez de subirem os 13% que previam os analistas, caíram 11%, para 13,81 milhões de euros.

O EBITDA ajustado dos custos de reestruturação subiu 5,6%, para 19,17 milhões de euros.

A margem de EBITDA, em vez de melhorar, degradou-se em 0,7 pontos percentuais, para 6,8%.

Onde as receitas caíram mais do que o esperado foi na área de publishing, que registou uma descida de 4,7%, para 46,1 milhões de euros, em vez de uma quebra de 2,6%. Por outro lado, na televisão, o maior negócio do grupo, a quebra foi 0,1 pontos percentuais menos acentuada do que o previsto, de 1,6%, para 153,7 milhões de euros.

As receitas globais de publicidade até aumentaram 2,6%, para 119,27 milhões de euros, mas todas as outras caíram: as receitas com subscrição e canais desceram 0,8% e as de circulação (vendas de imprensa) deslizaram 0,5%.

Nota para a rubrica outras receitas, em que a erosão foi de 29,1%, para 16,5 milhões de euros, explicada, “principalmente pela quebra nos IVRs [chamadas telefónicas de valor acrescentado] e produtos alternativos”.

A dívida líquida caiu 2,62%, para 178,4 milhões de euros.

 

Menos custos para 2018

Nos resultados apresentados, a Impresa não indica qualquer guidance para o corrente ano, no entanto, o Jornal Económico noticiou já indicações dadas relativamente à área de publishing, nomeadamente quanto aos custos, pretendendo a administração uma redução de 4 milhões de euros.

Num comunicado interno, a que o Jornal Económico teve acesso, a comissão de trabalhadores da Impresa diz que a administração do grupo definiu como “imperativo obter uma poupança de 4 milhões de euros, com vista a assegurar a rentabilidade da publicação ‘Expresso’ e marcas adjacentes já a partir de 2018”.

Os custos operacionais da área de publishing caíram 2,8%, no ano passado, face a 2016, para 47,14 milhões de euros.

No comunicado, a Impresa explica que, “em termos de custos operacionais, o ano foi marcado pelo processo de restruturação, ajustando a organização à nova dimensão do negócio, tendo em conta a alienação do portfolio de revistas”. Diz a empresa que, apesar de 3,5 milhões de euros de custos de reestruturação desceram 2,8% e que, “ajustados os custos de reestruturação”, os custos globais teriam descido 6,1%”. Se estivermos a falar dos custos operacionais, a descida de 6,1% representaria um valor final de 45,7 milhões de euros, o que, aplicando-se o objetivo de redução definido, resultaria numa descida de 8,75% este ano, face ao valor ajustado de 2017, para 41,7 milhões de euros.

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