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Incumprimento no pagamento de contas aumenta em Portugal, diz Intrum

De acordo com Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal, “é provável que um consumidor que não possa pagar todas as suas contas, deixe de pagar às empresas com quem não tem empatia. Entre os consumidores que se sentem menos culpados por não pagarem as suas contas, a preocupação com a “greedflaction” é ainda mais acentuada”.
15 Março 2024, 22h30

No dia em que se celebrou o Dia Mundial dos Direitos do Consumidor, a Intrum publicou os resultados do seu estudo European Consumer Payment Report, que revelam que à medida que existem cada vez mais pessoas com menos dinheiro em Portugal, o incumprimento no pagamento de contas está também a aumentar.

De acordo com Luís Salvaterra, Diretor-Geral da Intrum Portugal, “é provável que um consumidor que não possa pagar todas as suas contas, deixe de pagar às empresas com quem não tem empatia. Entre os consumidores que se sentem menos culpados por não pagarem as suas contas, a preocupação com a “greedflaction” é ainda mais acentuada”.

“Embora possam ser muitas as razões por detrás de um pagamento em atraso – desde o consumidor não ter dinheiro, a simplesmente ter-se esquecido de pagar – os dados da Intrum sugerem uma mudança nas normas sociais”, refere o estudo.

“Atualmente verifica-se uma crescente aceitação em ignorar o pagamento de contas e ao mesmo tempo, os consumidores afirmam estar atentos às empresas que tentam explorar as suas dificuldades através de táticas como a greedflaction – aumentar os preços mais do que o justificado pelos seus custos ou a manter os preços elevados mesmo quando os seus custos de produção diminuem”, conclui o estudo European Consumer Payment Report.

“Com pagamentos em atraso ou o não pagamento a tornarem-se endémicos, as atitudes dos consumidores parecem estar a mudar”, defende a Intrum.

Os resultados do estudo da Intrum indicam que os consumidores estão a reavaliar o que consideram aceitável quando se trata de ignorar faturas, o que está a causar uma grande preocupação às empresas.  De acordo com o European Consumer Payment Report, três em dez inquiridos (29%) afirma que agora sentiria menos culpa por ignorar o pagamento de uma conta, do que há alguns anos.

O estudo conclui que “num futuro próximo, poderemos esperar uma proporção ainda maior de consumidores que não efetuem pagamentos nas datas previstas”.

“Cerca de dois em cada dez dos consumidores portugueses (18%) teme não pagar uma fatura de um serviço com baixa prioridade nos próximos 12 meses, ou seja, um pagamento não vinculado a custos de habitação ou energia”, refere a Intrum que considera que se trata de uma tendência preocupante para as instituições financeiras e empresas.

As empresas consideradas pouco éticas podem sofrer um maior número de pagamentos ignorados, refere a Intrum.

“Os consumidores reconhecem que as empresas a quem compram também estão a passar por dificuldades no atual contexto económico. Porém, estão atentos às empresas que possam estar a tentar aproveitar-se da sua situação financeira – e querem ‘vingar-se’ das mesmas”, acrescenta.

De acordo com a Intrum, mais de dois terços dos consumidores portugueses (69%) afirmam que deixariam de gastar dinheiro com uma empresa que considerem estar a praticar a “greedflaction”, um neologismo de composição que junta “greed” (ganância) e inflação.

Também as empresas de serviços financeiros que cobram taxas de juro elevadas sobre os empréstimos mas oferecem baixas remunerações nas contas de poupança, podem ser acusadas deste facto, conclui a Intrum.

Por outro lado, as empresas que se posicionam como aliadas dos consumidores deverão beneficiar desta postura.

Cerca de metade dos consumidores afirma preferir comprar a empresas que oferecem condições de pagamento flexíveis e 72% considera que é socialmente responsável que as empresas ofereçam flexibilidade durante períodos de abrandamento económico, constata a análise.

A Intrum realça, ainda, que à medida que o incumprimento aumenta, é expectável ver um número crescente de casos de cobrança de dívidas e de crédito malparado em Portugal.

As empresas – grandes e pequenas, enfrentarão mais desafios colocados pelos clientes que lutam para cumprir as suas obrigações financeiras em 2024, conclui a Intrum.

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