O parlamento da Catalunha aprovou esta sexta-feira um novo governo liderado pelo separatista de esquerda Pere Aragonès, um dos elementos mais importantes da Esquerda Republicana da Catalunha (ERC). O advogado de 38 anos, está envolvido na política catalã há quase 20 anos, estudou na Universidade de Harvard, ocupou cargos no governo regional – entre os quais o de presidente interino (sem todas as prerrogativas) até às eleições de fevereiro passado.
Com uma estratégia moderada e orientada para o diálogo – pelo menos com os independentistas – defende o reinício “imediato” das conversações de independência com Madrid, suspensas por causa da pandemia. Neste contexto, os principais objetivos do novo executivo são a autodeterminação da Catalunha, um referendo sobre a independência e uma amnistia para os líderes separatistas que se encontram presos – exatamente por terem organizado o último referendo, em 2017.
Aragonès foi eleito com 74 votos, somando os da ERC ao Junts per Catalunya è à CUP (Candidatura de Unidade Popular), todos partidos independentistas, contra 61, que agregaram todos os restantes partidos, onde se contam alguns de esquerda.
A proposta inicial era a da formação de um governo de unidade entre a ERC e a Juntes per Catalunya, mas em determinada altura as negociações acabaram por ser suspensas, face a algumas diferenças que se revelaram incontornáveis. Mesmo assim, a eleição de Aragonès nunca esteve em causa.
A eleição do independentista é uma derrota para o Partido Socialista da Catalunha, ‘irmão’ do PSOE do chefe do governo Pedro Sánchez, que apesar de ter sido o partido mais votado nas eleições, acabou por não conseguir agregar em seu torno o apoio suficiente. A derrota da estratégia do PSC estava à partida condenada ao fracasso, dado que o bloco independentista permaneceu unido e recusou qualquer pacto com os que não são favoráveis a uma Catalunha separada de Espanha.
A de ser a prioridade máxima do novo executivo, Pere Aragonès sabe que não tem qualquer hipótese de poder organizar um referendo com validade jurídica – arriscando-se mesmo, se o tentar, a ir parar ao mesmo lugar onde estão os independentistas da tentativa de 2017: a prisão.
Para a Catalunha, ou qualquer outra autonomia, poder realizar um referendo juridicamente aceitável, era preciso que as Cortes introduzissem essa alteração na Constituição, e essa é uma absoluta impossibilidade.
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