Inteligência Artificial, fintech e healthtech. Estes foram alguns segmentos que recolheram dinheiro este ano para entrar em negociações bolsa. Novos dados da GlobalData confirmam que a Índia destronou a China e tornou-se o maior mercado de atração às Ofertas Públicas Iniciais (IPO, em sigla inglesa) em termos de volume.
“A Índia conquistou a primeira posição a nível global em volume de IPO pela primeira vez”, aponta Murthy Grandhi, analista da GlobalData, em comunicado. Foi este país, que no ano passado se tornou o mais populoso do mundo, “listou quase o dobro dos IPO que nos EUA e quase três vezes mais que na Europa”.
No entanto, o caso muda de figura quando analisado o dinheiro envolvido. “Os EUA recuperaram a liderança em receitas de IPO desde o seu pico em 2021, reafirmando o seu status como o mercado mais dinâmico e atraente para investidores globais”, sustenta Grandhi.
De facto, dados da Dealogic para este ano, citados pelo Financial Times, mostram que a Índia foi o segundo maior mercado para captar recursos de capital no mundo, ficando apenas atrás dos Estados Unidos. A KPMG sustenta mesmo que a bolsa indiana foi o local preferido, posicionando-se mesmo à frente de Nasdaq e da bolsa de Hong Kong.
Só a região da Ásia-Pacífico contabilizou 604 companhias, tendo estas levantado um total de 33,9 mil milhões de dólares. “O desempenho notável foi impulsionado pelo forte sentimento do mercado, um ambiente macroeconómico favorável e um aumento no interesse dos investidores alimentado pelo medo de perder (FOMO, Fear Of Missing Out)”, sustenta o relatório da GlobalData.
A mesma análise sustenta que o número global de IPO diminuiu em 2024, sendo que o valor total levantado pelas empresas verificou um aumento significativo. “Um total de 867 IPO foram registados, com um valor agregado de 84,9 mil milhões de dólares, refletindo um aumento de 15,7% em valor quando comparado com os 73,4 mil milhões de dólares das 1.041 entradas em 2023”, lê-se.
A GlobalData indica que os IPO mais proeminentes deste ano foram a Hyundai India, que angariou 3,4 mil milhões, e a Lineage, que recolheu 4,4 mil milhões de dólares.
Mas o relatório é mais detalhado. A América do Norte observou 144 negócios com 29,5 mil milhões de dólares, o que representa uma mudança significativa face aos últimos anos, quando os IPO eram maiores e mais valiosos.
“As avaliações do mercado de ações dos EUA atingiram novos máximos, superando todos os outros mercados. Em contraste, as regulamentações mais rígidas na China continental levaram ao desempenho de IPO mais fraco da última década em termos de volume”, aponta o analista da GlobalData.
Este estudo mostra que os grandes animadores da atividade dos IPO foram tecnologia e comunicações, que registaram 149 entradas ao angariar 8,9 mil milhões, com os serviços financeiros a seguir de perto com 122 negócios por 9,3 mil milhões. O setor farmacêutico e saúde recolheu 77 transações por 10,2 mil milhões.
Entre poucas mudanças nos primeiros meses e uma forte performance. É assim que os analistas preveem que sejam os IPO do próximo ano, um misto que deverá desagradar para depois agradar.
A GlobalData espera do mercado global dos IPO “uma forte performance em 2025, fortificada por políticas monetárias favoráveis, liquidez robusta e níveis de avaliação em subida”. O mesmo acontece com a consultora EY, que estima que o mercado apresente condições favoráveis, tal como as políticas monetárias.
“As perspetivas para 2025 parecem cada vez mais otimistas, com um forte pipeline de empresas de vários setores a quererem agarrar oportunidades que se apresentam nos mercados com força renovada”, aponta um relatório elaborado pela EY.
Contudo, a consultora é concisa: “numa era de transformações significativas, os candidatos a IPO devem adaptar-se rapidamente às mudanças macroeconómicas, políticas, ambientes geopolíticos, recolher inovações tecnológicas e apresentar uma história de capital atraente com potencial para criar valor”.
Já os banqueiros de investimento estimam meses de estabilização face ao que foi observado até ao fim do ano, mas apontam para melhorias no decorrer de 2025. Gareth McCartney, responsável de mercados de capital do UBS, aponta ao Financial Times, que é esperado uma normalização da atividade dos mercados no que refere aos IPO, embora se vá observar “um aumento de volume, especialmente nos Estados Unidos e Europa, possivelmente também na China”.
Grandhi da GlobalData lembra que “historicamente, a atividade de IPO aumenta após as presidenciais nos EUA devido a uma maior clareza de políticas e à estabilização do mercado”. É preciso lembrar que a tomada de posse de Donald Trump acontece a 20 de janeiro do próximo ano, sendo que o mercado norte-americano se tem mostrado favorável ao republicano.
E o que se vai ver em 2025? “Industriais, TMT (Tecnologia, Media e Telecoms) e finanças estão a ser vistos como os potenciais candidatos à primeira vaga de IPO, antecipando-se um crescimento em quase todos os setores”.
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