O plano da administração norte-americana, presidida por Donald Trump, com o objetivo de dar um impulso à indústria da construção naval doméstica pode ‘morrer à nascença’. Isto porque está dependente de taxas que incidiriam sobre navios produzidos na China o que iria prejudicar os operadores navais norte-americanos, os portos, os exportadores e também os empregos, defenderam responsáveis pelo setor, avança esta terça-feira a agência noticiosa Reuters.
A Reuters refere que a intenção dos Estados Unidos passa por aplicar taxas cumulativas que abrangeriam navios construídos na China. Calcula-se que o valor global dessas taxas poderia ser superior aos três mil milhões de dólares, por escala, num porto dos Estados Unidos.
A administração norte-americana defende, de acordo com a Reuters, que estas taxas iriam ajudar a reduzir o poderio que a China possui ao nível comercial e militar no alto mar e também estimular a construção de navios nos Estados Unidos.
A agência noticiosa revela que este plano da administração norte-americano tem o apoio dos sindicatos ligados ao setor do aço, que consideram que o plano permitiria impulsionar a indústria ao nível interno. Mas por outro lado o plano norte-americano causou resistência por parte da indústria porque poderia ameaçar a sobrevivência de empresas que seriam cruciais para gerar encomendas para os construtores de navios norte-americanos, exatamente o setor que a administração norte-americana pretende estimular.
O CEO da Seaboard Marine, o maior transportador internacional de carga marítima norte-americano, Edward Gonzalez, citado pela Reuters, considerou que o interesse nacional “não seria atendido” se o plano que visa impulsionar a indústria da construção de navios norte-americano “destruir de forma involuntária” as transportadoras norte-americanas.
Tal se deve, como explica a agência noticiosa, ao facto de muitos operadores norte-americanos dependerem de navios que são construídos na China. No caso da Seabord Marine dos 24 navios que possui 16 têm fabrico chinês.
Os operadores de navios norte-americanos temem ainda que as taxas que a administração norte-americana, pretende aplicar aos navios chineses, possa desviar carga dos Estados Unidos para empresas de transporte marítimo estrangeiras.
A Reuters salienta que a China possui uma quota superior a 50%, em 2023, ao nível do mercado da construção naval, acrescentando que os estaleiros dos Estados Unidos estão a produzir menos de 10 navios por ano enquanto que os chineses produzem mil.
Outra preocupação expressa pela indústria foi a de que os construtores navais do Japão e da Coreia enfrentariam dificuldades para satisfazer a procura que existiria durante o tempo em que os estaleiros norte-americanos estariam a desenvolver mais capacidade de construção de navios.
O CEO da Câmara que representa o setor do Shipping norte-americano, Kathy Metcalf, alertou que substituir navios que já existem, que foram construídos na China, “não é como acender um interruptor”, acrescentando que “penalizar a China e o sistema de transporte marítimo norte-americano não é um resultado aceitável”.
A Reuters salienta que os operadores de navios dos Estados Unidos são importantes em várias áreas como por exemplo a indústria agrícola, a da manufatura, e também a da mineração. No caso do setor exportador agrícola, sublinhou a agência noticiosa, estão a enfrentar problemas para reservar navios a partir de maio devido à incerteza que se tem gerado com os planos da administração norte-americana.
O vice-presidente da associação norte-americana para o setor do Calçado e do Vestuário, Nate Herman, citado pela Reuters, alertou que as taxas que os Estados Unidos querem aplicar teriam como resultado a perda de empregos, custos mais elevados ao nível da importação e exportação, e também no aumento de preços para os consumidores norte-americanos.
Nate Herman salientou que os custos associados às taxas que o Governo norte-americano pretende aplicar teriam como resultado uma queda de 12% nas exportações dos Estados e uma queda no PIB de 0,25%.
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