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Indústria da China atinge máximos de 12 meses

Impulsionado por fortes encomendas, o setor que também decorrem da aposta no crescimento da procura interna, a China continua a rodear o caos pré-anunciado decorrente da política tarifária da Casa Branca.
31 Março 2025, 11h38

A atividade industrial da China expandiu ao ritmo mais rápido em um ano em março, revela um estudo sobre a matéria. Novas encomendas estão a impulsionar a produção, dando à segunda maior economia do mundo algum alívio enquanto lida com a intensificação da guerra comercial com os Estados Unidos. O estudo serve para tranquilizar as autoridades face ao mais recente apoio fiscal: está a impulsionar a economia, que também está a beneficiar da expansão das exportações face às novas restrições comerciais dos EUA.

No entanto, dizem analistas citados pela agência Reuters, espera-se que esse alívio tenha curta duração, já que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deve anunciar novas tarifas “recíprocas” esta quarta-feira para lidar com os desequilíbrios comerciais, acrescentando mais impostos sobre produtos chineses.

Trump já impôs uma tarifa cumulativa de 20% sobre todas as importações chinesas desde que retornou à Casa Branca em janeiro. O índice oficial de gerentes de compras (PMI) subiu para 50,5 em março, de 50,2 no mês anterior, de acordo com o National Bureau of Statistics (NBS), a maior leitura desde março de 2024 e correspondendo às previsões dos analistas citados pela Reuters.

“Os PMIs oficiais sugerem que os gastos com infraestrutura estão a aumentar novamente e que as exportações até agora permaneceram resilientes perante as tarifas dos EUA”, disse Julian Evans-Pritchard, chefe de economia da China na Capital Economics. “Mas as pesquisas ainda são consistentes com o crescimento mais lento do PIB no primeiro trimestre, no meio da fraqueza no setor de serviços”, acrescentou.

A China manteve inalterada a sua meta económica para este ano em “cerca de 5%”, apesar das ameaças tarifárias de Trump, o que pode colocar um fim à recuperação amplamente impulsionada pelas exportações em andamento desde o fim da pandemia de 2022. O governo prometeu mais estímulos fiscais e colocou ainda mais ênfase no aumento da procura interna para amortecer o impacto da guerra comercial.

Apontando para uma melhoria na procura interna, o subíndice de novos pedidos subiu para 51,8 em março, a sua maior leitura em 12 meses, enquanto o declínio em novos pedidos de exportação desacelerou, ficando aquém da marca de 50 pontos que separa o crescimento da contração.

Os PMIs de pequenas e médias empresas melhoraram no mês passado, disse Zhao Qinghe, responsável do NBS, mas as grandes empresas disseram que tiveram mais dificuldades neste mês que em fevereiro. “É bom, mas não bom o suficiente”, disse Xu Tianchen, economista da Economist Intelligence Unit. “Estou preocupado com os preços de produção, que caíram apesar do aumento de novos pedidos”, referia à Reuters.

A economia da China teve um começo difícil este ano, com uma melhoria incipiente nas vendas no comércio compensada por pressões deflacionistas persistentes e o aumento do desemprego. Tentando amenizar as preocupações das empresas estrangeiras sobre a economia da China, o presidente chinês Xi Jinping reuniu um grupo de CEO’s de multinacionais na semana passada e aconselhou-os a proteger a indústria global e as cadeias de fornecimentos face às invetivas da Casa Branca contra o comércio global.

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