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Indústria portuguesa do calçado investe valor recorde de 600 milhões de euros até 2030

A indústria portuguesa do calçado vai investir um valor recorde de 600 milhões de euros até 2030 em inovação, sustentabilidade, qualificação das empresas e trabalhadores e internacionalização, segundo a associação setorial APICCAPS.
17 Fevereiro 2024, 10h48

“O grande investimento que estamos a fazer, o maior investimento da nossa vida nesta indústria até ao final da década, são 600 milhões de euros em quatro áreas distintas mas complementares”, afirma o porta-voz da Associação Portuguesa dos Industriais do Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS).

Segundo Paulo Gonçalves, o objetivo não é propriamente aumentar a produção, uma vez que o setor já produz anualmente 80 milhões de pares de calçado, mas, sobretudo, “otimizar processos e fazer da indústria portuguesa uma grande referência internacional no desenvolvimento de novos produtos”.

Assim, os 600 milhões de euros de investimento previsto até 2030 incluem dois grandes projetos já em curso — o BioShoes4All e o FAIST — cuja conclusão está prevista até final de 2025 e que se focam nos temas da automação, digitalização e sustentabilidade.

O porta-voz da APICCAPS salienta que uma das vertentes centrais da estratégia do setor é o denominado “compromisso verde”, no âmbito do qual a associação assinou no início de 2023 um protocolo com cerca de 150 empresas, nas quais estão a ser feitas auditorias com o objetivo de melhorar a eficiência energética, o uso de materiais ou o ‘eco design’.

“Estamos a fazer estas auditorias às empresas para que efetivamente possamos, em primeira circunstância, alterar e otimizar os processos. Os novos produtos, a nova geração de produtos, vem de seguida”, explica Paulo Gonçalves.

No total, são cerca de uma centena de parceiros, incluindo 14 universidades, atualmente a trabalhar com a indústria portuguesa de calçado para a colocar “na linha da frente”.

Paralelamente, a indústria portuguesa de calçado está a criar uma “nova geração de produtos”, onde se incluem biomateriais (como cascas de fruta), materiais naturais (como cortiça e madeira) e materiais reciclados, assim como a trabalhar no desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas com a principal matéria-prima atual, o couro, cuja sustentabilidade também defende.

Isto porque, segundo o porta-voz da associação, o couro é um produto duradouro e um desperdício da indústria alimentar, que, ao ser usado no fabrico do calçado, contribui também para “o bem-estar do planeta”.

Em simultâneo, o setor está ainda a trabalhar em domínios como a eficiência energética, a redução do consumo de água e o ‘eco design’.

“Todos os anos são produzidos 24 mil milhões de pares de sapatos, cerca de 90% são feitos na Ásia, o que equivale a dizer que cada nove em 10 pessoas usam sapatos asiáticos. Não consideramos que seja sustentável, pelo contrário, entendemos que existe espaço no mercado para um pequeno ‘player’ como Portugal”, sustenta Paulo Gonçalves.

“Estamos aqui para durar, independentemente dos ciclos conjunturais. A nossa maior prova de confiança é que estamos a fazer o maior investimento da nossa história. Entendemos que Portugal pode ser uma grande referência internacional ao nível de desenvolvimento de uma indústria sustentável, de uma indústria de futuro”, acrescenta.

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