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Ineos Automotive vai abandonar produção em Portugal e Reino Unido. Fábrica muda-se para França

O multimilionário Jim Ratcliffe, fundador da Ineos Automotive, abandona dois países de uma só vez, concentrando toda a produção na fábrica que acabou de comprar à Daimler, no território francês.
9 Dezembro 2020, 16h59

O fundador da Ineos Automotive, homem mais rico do Reino Unido e apoiante do Brexit, Jim Ratcliffe, vai abandonar os planos de produção numa fábrica no Reino Unido, apostando na antiga fábrica de produção da Mercedes-Benz, em Hambach, França, revela a “CNN”. Um dos maiores apoiantes da saída do Reino Unido da União Europeia abandona assim a produção automóvel no país que mais tem sofrido no setor automóvel.

Atualmente, Ratcliffe tem uma fortuna de 20,9 mil milhões de libras (23,2 mil milhões de euros) e apesar de ser o homem mais rico do Reino Unido vai apostar na fábrica de Hambach para construir o Grenadier 4×4, o grande rival do Land Rover Defender. “Hambach apresentou-nos uma oportunidade única que simplesmente não podíamos ignorar: comprar uma fábrica automóvel moderna com uma força de trabalho de classe mundial”, apontou Ratcliffe em comunicado, uma vez que a Ineos comprou a fábrica da Daimler.

A produção do Grenadier estava prevista para ser na nova fábrica em Bridgend, no País de Gales, criando até 500 novos empregos para o país, sendo esta decisão uma “expressão significativa de confiança na indústria britânica”. Ao não avançar a produção no País de Gales, a Ineos junta-se também à Ford que encerrou recentemente a sua fábrica em Bridgend, sendo que esta foi criada em 1977 e empregava um total de 1.700 trabalhadores.

Com a incerteza do Brexit e a pandemia, a indústria automóvel tem sido das que mais sofreu ao longo deste último ano no Reino Unido. A produção automóvel decresceu drasticamente e a indústria deixou o aviso de que caso o Reino Unido não consiga um acordo comercial com a União Europeia antes do fim do prazo, o no deal irá custar 47 mil milhões de libras (52 mil milhões de euros) nos próximos cinco anos para a indústria.

Caso o país não chegue a acordo com a União Europeia, os automóveis provenientes do Reino Unido vão enfrentar tarifas de 10% aquando da exportação para o bloco dos 27, prejudicando a competitividade do setor automóvel britânico. A Sociedade de Fabricantes e Comerciantes de Motor do Reino Unido tem pedido para que um acordo seja firmado nos próximos dias para que a indústria se consiga reerguer das perdas devido ao Brexit e ao Covid, que são as que têm prejudicado ainda mais as finanças das empresas do setor.

No ano passado, foi noticiado em Portugal que a Ineos Automotive ia apostar numa fábrica em Estarreja para a produção do Grenadier 4×4, mas em julho deste ano, devido à pandemia, a empresa comunicou ao município que estava a repensar a estratégia e que desistia do investimento de 300 milhões de euros para a construção da fábrica.

O presidente da Câmara de Estarreja afirmou que a Covid foi fatal para o município, tendo cortado um dos maiores investimentos da região. Ainda assim, “não podemos esmorecer”, disse o presidente Diamantino Sabina em julho, acrescentando que o “Eco Parque Empresarial de Estarreja continua a registar uma procura considerável, e com investimentos anunciados também muito interessantes”.

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