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Iniciativa Liberal diz que Berardo integrou “esquema orquestrado a partir das mais altas esferas do poder”

Partido diz que “acabar por condenar aqueles que fazem tristes figuras públicas” de nada servirá se não for possível “desmantelar as cumplicidades e teias de interesse que propiciaram estas situações”.
29 Junho 2021, 17h09

A Iniciativa Liberal reagiu “sem surpresa” à detenção de Joe Berardo, que ocorreu na manhã desta terça-feira, por suspeita da prática dos crimes de administração danosa, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento, realçando que o empresário “fez parte de um esquema orquestrado a partir das mais altas esferas do poder político, com a complacência dos reguladores, no contexto de uma estratégia de ocupação do mercado financeiro e de favorecimento de clientelas e cumplicidades”.

Apesar de considerar que as responsabilidades de Berardo “devem ser obviamente investigadas” no que diz respeito ao processo que envolve a Caixa Geral de Depósitos, o BCP e o Novo Banco, envolvendo prejuízos aos três bancos que o comunicado da Policia Judiciária avalia em quase mil milhões de euros, a Iniciativa Liberal considera que “este é um caso em que importa, mais do que olhar para a árvore, ter presente a dimensão e a gravidade da floresta”.

“Acabar por condenar aqueles que, por tática ou falta de jeito, fazem tristes figuras públicas sem igual desfecho para outros com grandes responsabilidades políticas ou regulatórias, significará não desmantelar as cumplicidades e teias de interesse que propiciaram estas situações”, defende o partido, que aponta como “fundamental aprofundar a responsabilidade política e criminal de todos os envolvidos na teia de interesses que levou à concretização de decisões ruinosas que lesaram os contribuintes de forma deliberada e dolosa”.

Para a Iniciativa Liberal, será agora necessário que a Justiça funcione neste caso “de forma célere, sem a morosidade exasperante a que tem sido votada a generalidade dos megaprocessos”.

As investigações estão a ser conduzidas pela Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária, sob orientação de Carlos Alexandre, juiz do Tribunal Central de Investigação Criminal. Nesta terça-feira foram desencadeadas 51 buscas (22 domiciliárias, 25 não-domiciliárias, três em instituição bancária e uma em escritório de advogado), incidindo sobretudo no grupo económico controlado por Joe Berardo, que entre 2006 e 2009 contratou quatro operações de financiamento com a Caixa Geral de Depósitos, no valor de 439 milhões de euros, destinadas a comprar ações do BCP.

 

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