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Instabilidade nuclear ao nível da crise dos mísseis cubanos

Em Davos, um ex-embaixador dos Estados Unidos na Rússia avisa que os desentendimentos entre os dois países despertam as piores motivações noutras geografias.
23 Janeiro 2019, 12h40

O risco de uma corrida ao armamento nuclear global subiu para um nível não visto desde o a crise dos mísseis cubanos de 1962, segundo um ex-embaixador dos Estados Unidos na Rússia. Em outubro, o presidente Donald Trump anunciou que os Estados Unidos deixam o Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário de 1987 (INF) com a Rússia, acusando Moscovo de violar os seus termos. Ao mesmo tempo, Trump também pediu bilhões de dólares para gastos em novos programas de defesa antimíssil.

Falando no Fórum Económico Mundial em Davos nesta terça-feira, o presidente do Carnegie Endowment for International Peace e ex-embaixador William Burns, disse que uma conjugação de fatores está a criar instabilidade.

“O ano de 2019 poder ser o pior para a ordem nuclear desde a crise dos mísseis cubanos”, disse Burns. O Tratado INF entre os EUA e a Rússia foi assinado em 1987 e procurou eliminar mísseis nucleares e convencionais.

Burns disse que após as acusações dos Estados Unidos de que a Rússia desenvolveu um míssil banido pelo acordo, via poucas perspetivas de que o tratado INF fosse renovado e que ambos os lados “se afastariam dele”.

O ex-embaixador acrescentou que o acordo ‘New Start’ (Tratado de Redução de Armas Estratégicas), de 2010, que procurava limitar os lançadores de mísseis nucleares e melhorar as inspeções, também está em risco quando os seus termos expirarem, em 2021.

Burns disse que o colapso entre Washington e Moscovo pressiona a situação global, quando anteriormente os dois países haviam agido em conjunto para evitar que países terceiros agissem de forma pouco segura.

“Para o bem ou para o mal, os Estados Unidos e a Rússia têm capacidades e responsabilidades únicas em questões nucleares e, quando não estão à altura delas, isso tende a inspirar os piores comportamentos da parte de outros países”, avisou Burns.

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