Intermediária de crédito Simplefy fechou 2024 com 700 milhões em volume de negócios e lucro de 450 mil euros

A Simplefy, empresa portuguesa especializada em intermediação de crédito e orientação financeira, completou dois anos de atividade com resultados positivos, tanto em termos operacionais como financeiros. A intermediária de crédito, registada no Banco de Portugal, tem como CEO Rui Lopes, que conta com mais de 20 anos de experiência no setor financeiro. Pelo seu percurso, fez parte uma passagem de cinco anos na UCI Brasil, onde desempenhou um cargo de administração.

Em entrevista ao Jornal Económico, Rui Lopes revela em primeira mão que “registámos um crescimento sustentado do volume de negócios em 2024 para 700 milhões de euros e consolidámos a nossa posição no mercado da intermediação de crédito em Portugal” e avança que “estamos ainda a fechar os dados financeiros de 2024, mas os indicadores preliminares apontam para um resultado líquido positivo de 450 mil euros”.

O crédito à habitação é o segmento mais expressivo no negócio da Simplefy.

A Simplefy nasceu como uma empresa especializada em intermediação de crédito e orientação financeira. Imagino que esteja registada no Banco de Portugal como intermediária de crédito. O que é que faz exatamente a Simplefy?

A Simplefy (IFT Serviços Lda) detém uma licença do Banco de Portugal para atuar no setor; contudo, o nosso negócio não é intermediar crédito, mas sim a gestão de uma comunidade de intermediários de crédito. Operamos num modelo inovador de Original Brand By Simplefy, que se diferencia claramente do tradicional franchising. Em vez de obrigarmos os parceiros a adotarem uma estrutura rígida com encargos fixos, oferecemos uma solução flexível e tecnológica que permite potenciar a autonomia do intermediário de crédito, enquanto garantimos o suporte necessário em termos de compliance, tecnologia, formação e acesso às principais instituições financeiras. O nosso foco é criar um ecossistema colaborativo, onde os nossos parceiros mantêm a sua identidade e liberdade de atuação, enquanto beneficiam do know-how e da infraestrutura de uma marca especializada.

A Simplefy trabalha com parceiros, certo? Quem são os parceiros da Simplefy?

Sim, o nosso modelo assenta numa lógica de rede e parceria (tradicional business to business). Por um lado, colaboramos com intermediários de crédito devidamente registados, a quem fornecemos formação, ferramentas tecnológicas e apoio técnico e comercial para que possam atuar como Personal Bankers e Financial Partners da Simplefy, sempre com o selo de qualidade e integridade que nos define. Por outro lado, temos parcerias com várias instituições financeiras, desde bancos comerciais a entidades especializadas, o que nos permite aceder a uma oferta ampla e competitiva de produtos de crédito. Este modelo permite-nos prestar um serviço independente, eficaz e centrado no cliente, garantindo soluções adaptadas a diferentes perfis e objetivos financeiros.

Até ao final de 2024, a empresa estimava alcançar 250 parceiros de intermediação de crédito, tornando-os Personal Bankers e Financial Partners da Simplefy. Alcançou os objetivos? Quais são os objetivos para 2025?

Os objetivos para 2024 foram largamente alcançados, o que demonstra a atratividade do nosso modelo de parceria e a confiança que temos vindo a conquistar no mercado. Este crescimento foi possível graças a uma proposta de valor assente na proximidade, formação contínua, tecnologia de apoio e um compromisso ético com o cliente final.

Para 2025, o foco está em consolidar a comunidade existente, elevar os padrões de formação e qualidade dos nossos Personal Bankers e reforçar a inovação tecnológica ao serviço da intermediação de crédito, que torne o processo ainda mais ágil, eficiente e centrado na experiência do cliente. Queremos continuar a crescer, mas com sustentabilidade e com foco na excelência.

O mercado de intermediação de crédito tem registado um crescimento expressivo nos últimos anos. Quais são os fatores que têm impulsionado esse aumento?

O crescimento da intermediação de crédito em Portugal deve-se a vários fatores convergentes. Os consumidores reconhecem cada vez mais o valor da intermediação, não só pela poupança que pode proporcionar, mas também pela simplicidade e confiança que traz ao processo. Por outro lado, as instituições financeiras passaram a ver os intermediários como parceiros estratégicos, capazes de capilarizar o seu negócio a nível nacional, qualificar melhor os clientes e acelerar os processos de crédito, contribuindo para uma maior eficiência comercial.

A evolução da regulação, com o registo obrigatório junto do Banco de Portugal, ajudou a conferir maior credibilidade e segurança ao setor.

Os intermediários de crédito emergem como figuras-chave da literacia financeira, já que podem oferecer orientação e apoio sobre as opções de crédito disponíveis. Mas não estão essas opções condicionadas pelas parcerias com a Simplefy?

Na Simplefy, acreditamos que a literacia financeira começa com informação clara, imparcial e acessível. O papel dos nossos Financial Partners é precisamente ajudar os clientes a perceberem os seus direitos, deveres e alternativas. Isso só é possível com total transparência. É certo que temos acordos de vinculação com um conjunto selecionado de instituições financeiras que nos confiam a representação na apresentação de produtos de crédito. Esta diversidade de parcerias permite-nos apresentar várias soluções adaptadas a diferentes perfis de risco, necessidades e objetivos. Ou seja, não nos limitamos a um único produto ou entidade. O nosso compromisso é que o cliente decida de uma forma responsável e sustentada.

Trabalham com todo o tipo de crédito? Qual o tipo de crédito em que os clientes mais recorrem a intermediários de crédito?

Sim, a nossa comunidade de parceiros trabalha todo o tipo de créditos, sendo o crédito à habitação o mais procurado. O crédito à habitação envolve montantes elevados, prazos longos e condições contratuais mais exigentes, por isso os consumidores sentem maior necessidade de aconselhamento profissional. O crédito pessoal ou automóvel, por exemplo, tende a ter processos mais rápidos e condições mais uniformizadas, sendo, por isso, mais fácil de contratar diretamente pelos canais digitais ou nos pontos de venda.

O crédito à habitação é um segmento expressivo no vosso negócio?

Sim, é, de longe, o segmento mais expressivo no negócio da Simplefy, com mais de 95% do volume global contratado. Tal como referido anteriormente, o crédito à habitação é o mais procurado pela sua complexidade e impacto na vida das pessoas. É natural que os clientes sintam necessidade de apoio especializado.

A garantia prestada pelo Estado (através da Portaria n.º 236-A/2024) que consiste numa fiança atribuída a jovens até aos 35 anos, para que possam ter acesso ao financiamento a 100% da primeira casa, impulsionou o crédito à habitação, segundo dados recentes. Qual o papel diferenciador que podem ter aqui os intermediários de crédito?

Esta garantia estatal é uma excelente iniciativa para apoiar os jovens no acesso à habitação própria. No entanto, o processo de candidatura e aprovação pode ser complexo e exigente, desde a interpretação da portaria, aos critérios de elegibilidade, passando pela documentação e prazos. Aqui, o intermediário de crédito assume um papel estratégico: esclarecemos as condições, analisamos a viabilidade, ajudamos na preparação da documentação e atuamos como elo entre o cliente e a entidade financeira. A nossa intervenção aumenta, significativamente, a taxa de sucesso na contratação e acelera o processo. Estamos, especialmente, empenhados em apoiar este segmento jovem, que representa o futuro do mercado.

A subida das taxas de juro em 2023 ajudou o vosso setor? E a recente descida?

A subida das taxas em 2023 teve um duplo impacto. Por um lado, reduziu a contratação de novos créditos. Por outro, aumentou a procura por renegociações, transferências e soluções de consolidação, onde o nosso papel foi fundamental. A atual descida das taxas está a trazer maior dinamismo ao setor, sobretudo no crédito à habitação, com mais pedidos de simulação e procura por melhores condições. Em ambos os contextos, o papel do intermediário é essencial, sendo numa fase de subida para ajudar a mitigar o impacto e, numa fase de descida, para ajudar a aproveitar as novas oportunidades.

A Simplefy recebe comissões de quem, dos parceiros ou dos clientes?

Os Financial Partners da Simplefy, como intermediários de crédito vinculados que são, recebem única e exclusivamente das instituições financeiras parceiras, com quem têm acordos de vinculação assinados. Os serviços dos nossos parceiros são completamente gratuitos para o cliente final, o que permite garantir total independência e foco nas suas necessidades.

A Simplefy fez dois anos em maio. Quais são os resultados líquidos da empresa? E o volume de negócios?

Completámos na Simplefy Portugal dois anos de atividade com resultados muito positivos, tanto em termos operacionais como financeiros. Registámos um crescimento sustentado do volume de negócios em 2024 (700 milhões de euros) e consolidámos a nossa posição no mercado da intermediação de crédito em Portugal. Estamos ainda a fechar os dados financeiros de 2024, mas os indicadores preliminares apontam para um resultado líquido positivo de 450 mil euros.

Mais do que os números, destacamos o impacto positivo que temos gerado junto dos nossos parceiros.

Quais as metas da Simplefy para o futuro próximo?

As nossas metas para o futuro passam por três eixos estratégicos: crescimento sustentável da comunidade de intermediários de crédito, com o foco na qualidade dos mesmos; investimento em inovação digital, para tornar a experiência do cliente mais simples, rápida e intuitiva, mantendo o fator humano como diferencial (segundo a nossa filosofia tech by human); e reforço da notoriedade e confiança na marca Simplefy no setor de intermediação, consolidando-nos como uma referência nacional.

Queremos continuar a crescer com responsabilidade, sempre com foco nas pessoas e na nossa missão: simplificar a vida financeira dos portugueses.