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Investigadores de Coimbra procuram soluções para tornar cidades mediterrânicas mais frescas

Projeto Cool Noons, liderado em Portugal por uma equipa da Universidade de Coimbra, está em curso envolvendo cinco cidades europeias, entre as quais Lisboa. Investigadores têm a expectativa de que resultados  possam contribuir para a adaptação destas cidades às alterações climáticas.
31 Julho 2025, 11h03

Reduzir o impacto do calor extremo sobre visitantes e residentes – tornando as cidades mais frescas – é o objetivo do projeto Cool Noons, que está em curso envolvendo cinco cidades da Europa.

Lisboa é umas cinco, estando a decorrer na capital portuguesa um estudo-piloto para potenciar os chamados “caminhos frescos” – percursos em que a existência de jardins e de sombra proporcionam uma experiência mais agradável a residentes e turistas.

“Com as ondas de calor cada vez mais intensas e frequentes, as cidades enfrentam um cenário de risco para o turismo e para qualidade de vida urbana, em particular, as atividades ao ar livre, como é o caso das atividades turísticas ou de lazer”, adianta a equipa da Universidade de Coimbra, liderada por Ana Maria Caldeira, docente da Faculdade de Letras (FLUC) e investigadora do Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (CEGOT), que faz a coordenação científica do projeto no nosso país.

No estudo-piloto português, os investigadores têm vindo a colaborar com a Câmara Municipal de Lisboa quer no estudo do impacto dos caminhos frescos selecionados pela autarquia, quer no teste de soluções de refrescamento que vão ser iniciadas em breve em Alvalade e em Monsanto. Posteriormente, vão também coordenar a avaliação científica dos potenciais benefícios das intervenções de teste a serem implementadas.

Budva (Montenegro), Dubrovnik (Croácia), Imola (Itália) e Marselha (França) são as outras quatro cidades integradas no projeto Cool Noons.

Nestas cidades, está a decorrer também a identificação e divulgação de percursos mais frescos, estando igualmente em curso “a criação de zonas pedonais sem tráfego, a instalação de toldos de sombra, a plantação de árvores, a colocação de mesas de piquenique com proteção solar e de floreiras e ainda o desenvolvimento de uma aplicação de realidade aumentada para atrair visitantes para espaços de refrescamento, como forma de combater não apenas o calor, mas também o congestionamento das atrações centrais – que está a ser testada no Museu Marítimo, em Dubrovnik”, explicam os investigadores.

Ana Maria Caldeira conta que o convite para integrar este projeto europeu surgiu a partir da sua investigação de doutoramento, em que rastreou percursos de hóspedes de hotéis em Lisboa e encontrou evidência científica de que o aumento da temperatura máxima diária tem impacto negativo sobre a experiência e satisfação dos participantes no estudo.

Com o projeto Cool Noons, diz, “temos a oportunidade de transformar a ciência em ação, testando soluções de adaptação às ondas de calor para todas as pessoas que vivem nestas cidades, residentes e visitantes”.

A equipa da Universidade de Coimbra tem a expectativa que o projeto possa contribuir para pensar o futuro das cidades, nomeadamente “soluções de adaptação e, de modo mais abrangente, gerar conhecimento para auxiliar processos de decisão operacional ou estratégica no contexto das ações de planeamento e ordenamento urbano”.

Os cientistas sublinham ainda o papel vital dos espaços verdes, que “podem funcionar como refúgios de frescura em áreas urbanas severamente afetadas por ondas de calor, oferecendo não apenas uma experiência cultural e paisagística única, mas também condições para reduzir o desconforto térmico de visitantes e residentes”.

“Esperamos que os resultados do Cool Noons possam contribuir para a adaptação destas cidades às alterações climáticas, como também em fornecer exemplos de iniciativas replicáveis em outras cidades do Mediterrâneo e de outras geografias que enfrentam desafios semelhantes”, rematam.

Cool Noons é financiado com mais de 1,8 milhões de euros pelo programa Interreg Euro-MED, da Comissão Europeia, sendo liderado pela Agência das Cidades e Territórios Mediterrânicos Sustentáveis (no original, Agence des Villes et Territoires Méditerranéens Durables) e juntando nove parceiros de cinco países. O projeto vai estar em curso até setembro de 2026.

Integram ainda este projeto outros docentes da FLUC e investigadores do CEGOT: Albano Figueiredo, Lúcio Cunha, Susana Silva e Rui Ferreira, e a doutoranda Courtney Schilling.

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