O volume de investimento em imobiliário comercial no território português registou um aumento de 28%, para 2,1 mil milhões de euros em 2024, face ao ano anterior, com o capital internacional a representar 74% do investimento feito, de acordo com o relatório divulgado pela consultora Cushman & Wakefield esta quinta-feira.
O setor do retalho foi o principal impulsionador com um peso de 49%, ao registar um volume de investimento de mil milhões de euros, destacando-se as duas maiores transações do mercado, com a compra pela Lighthouse Properties à Ceetrus do Alegro Montijo por 178 milhões de euros e a aquisição feita pela Castellana Properties à Harbert do LoureShopping, 8.ª Avenida e RioSul Shopping no valor de 177 milhões de euros.
Para este ano as estimativas apontam para um crescimento nos segmentos industrial e logística, hotelaria e alternativos. Eric van Leuven, diretor-geral da Cushman & Wakefield em Portugal, considera que , “2024 foi um ano de recuperação, num enquadramento global de descida das taxas de juro, com maior dinamismo no mercado imobiliário (sobretudo na segunda metade do ano). Em Portugal, após um primeiro semestre com atividade reduzida, registou-se um crescimento expressivo do investimento imobiliário comercial no segundo semestre, fechando assim o ano com aumento significativo face a 2023”.
No último ano foram registadas 800 novas aberturas no segmento retalhista, num aumento homólogo de 15%, com o comércio de rua a representar 71% do total de novas aberturas, seguido pelos centros comerciais com 13%. Seguiu-se a restauração com 51% das novas unidades e o setor dos “outros” (onde se inclui o mobiliário, decoração e bricolage) com 18%.
As rendas de mercado atingiram máximos históricos com o comércio de rua de Lisboa a aumentar 10 euros no Chiado para 135 euros/m²/mês, enquanto no Porto, a Baixa registou uma subida de cinco euros, para 82,5 euros/m²/mês. Em relação aos centros comerciais, as rendas prime subiram 12,5 euros para os 120 euros/m²/mês e nos retail parks, 0,75 euros para os 13 euros/m²/mês.
Outro setor que também se destacou em 2024 foi a hotelaria que contribuiu com 470 milhões de euros investimento impulsionados pelas compras do Grupo Quinta do Lago do Conrad Algarve à DK Partners por 150 milhões de euros, do Sofitel Lisboa Liberdade à Accor Invest por um investidor privado, num valor de 75 milhões de euros, e da BTG Pactual do The Oitavos ao Grupo Champalimaud por uma verba entre os 70 e 80 milhões de euros.
Em 2024 foram inauguradas 60 novas unidades, com 3.500 quartos, destacando-se o Locke de Santa Joana (Lisboa), com 370 quartos, o B&B Hotel Porto Gaia (Vila Nova de Gaia), com 210 quartos, e o Icon Apartments (Porto), com 170 quartos. Em pipeline encontram-se mais de 120 novos projetos hoteleiros, que representam uma oferta de 11.900 quartos tendo abertura programada para os próximos três anos.
Por sua vez, o setor dos escritórios tiveram um peso de 13% no volume total de investimento (290 milhões de euros), destacando-se a compra pela Real I.S. da K Tower à Krestlis, por um valor entre 75 e 80 milhões de euros.
A Grande Lisboa verificou entre janeiro e novembro um aumento de 120% na ocupação de escritórios, tendo sido transacionados 193.200 m², o segundo maior volume da última década. O volume de oferta em pipeline para os próximos três anos conta 234.800 m² de escritórios em construção, sendo que 46% já tem ocupação garantida.
Já o Porto contou com uma absorção de 33%, num volume total de 65.900 m², tendo em pipeline 116.200 m² em construção, dos quais 36% já têm ocupação assegurada.
Em relação às rendas verificou-se um novo aumento da renda prime no Prime CBD (zona 1) da Grande Lisboa para os 28,50 euros/m2/mês e no CBD Boavista (Zona 1) do Grande Porto para os 21 euros/m²/mês.
O designado segmento dos alternativos agregou 12% do volume total investido, com um aumento da atividade no segmento de residências para estudantes, onde se incluíram a compra pela Xior do Home & Co Campo Pequeno por 58 milhões de euros e a aquisição da Stoneshield Capital de duas unidades em Lisboa, por um valor entre os 55 e 60 milhões de euros.
Por último, o mercado de industrial e logística foi responsável apenas por 5% do valor total investido, num volume de 100 milhões de euros, com destaque para a aquisição pela SIVA à Norfin dos imóveis Imocar na Azambuja por uma verba entre os 25 e 30 milhões de euros.
No entanto, verificou-se um aumento de 36% na área ocupada , com 513.400 m² transacionados entre janeiro e setembro e ficando nesse período 19% acima do total anual de 2023.
Entre os principais negócios, nota para a futura unidade industrial da Coloplast em Felgueiras, que será a maior da multinacional dinamarquesa, e cuja construção começou em meados de 2024, num investimento de 100 milhões de euros.
Na Grande Lisboa, as rendas na Castanheira – Azambuja (zona 1) subiram para os 5,20 euros/m²/mês, enquanto no Grande Porto, no Porto de Leixões – Aeroporto (zona 10), os valores atingiram os 5,75 euros/m²/mês.
“As expetativas apontam para um impacto positivo no mercado imobiliário comercial nacional, continuando em 2025 a tendência de recuperação já registada no segundo semestre de 2024. Para 2025 prevê-se uma redução de yields, e consequente aumento de valor, para os restantes setores. Em termos de valores de arrendamento, o aumento da procura por espaços e a escassez de oferta de qualidade deverá continuar a justificar aumentos pontuais das rendas brutas de referência para os melhores ativos”, refere Eric van Leuven.
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