Hoje, ao celebrarmos o Dia Internacional da Mulher, é crucial refletir sobre a persistência das desigualdades de tratamento e direitos entre homens e mulheres, especialmente no contexto profissional. O mundo da arquitetura não é indiferente às questões de igualdade de género. As mulheres arquitetas continuam a ter de se esforçar mais para sair da invisibilidade, uma vez que a sociedade ainda perceciona a profissão como predominantemente masculina.

A arquiteta Beatriz Colomina destaca este ponto através da evidência histórica. No passado, as mulheres eram comparadas a “fantasmas na arquitetura moderna: presentes em todos os lugares, cruciais, mas estranhamente invisíveis“. Nos dias de hoje, pouco mudou, e vários dados reforçam a persistência das disparidades de género na profissão.

Em Portugal, embora a maioria dos cursos de arquitetura seja frequentada por mulheres, são poucas as que continuam visivelmente na profissão. As estatísticas da Ordem dos Arquitetos revelam que um número considerável de mulheres opta por suspender as suas inscrições na ordem.

O reconhecimento das mulheres arquitetas é uma lacuna evidente que tem de ser ultrapassada. A aposta crescente na educação sem género sugere a crença nas oportunidades abertas pelo mérito. No entanto, a realidade, conforme destacado pela Associação Mulheres na Arquitetura, ainda as relega para o papel de “mulher do arquiteto” ou para segundo plano nos ateliês.

Defender o direito à igualdade de oportunidades para progredir na profissão é um legado vital para as futuras gerações de mulheres arquitetas. Este é um processo demorado e repleto de desafios, muitas vezes difíceis de ultrapassar. Compreender antes de intervir é crucial, mas a verdadeira transformação só ocorrerá mediante uma análise crítica do legado existente, reavaliando a relevância das práticas e estruturas que orientam a profissão.

Apesar de um certo ceticismo em relação à existência de quotas por género, impostas pela Lei da Paridade, tem sido esta que tem possibilitado o alargamento da visibilidade das mulheres em diferentes setores. Contudo, esta oportunidade tem contribuído para destacar as obras de algumas mulheres, enquanto a maioria permanece esquecida, oculta por trás dos projetos de arquitetos ou pela falta de visibilidade na sociedade.

Aliás, a invisibilidade torna-se evidente nos relatos das mulheres, sublinhando a urgente necessidade de reconhecimento e valorização do trabalho delas na arquitetura.