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Isabel dos Santos: Luanda Leaks provoca 10 demissões em menos de uma semana

As revelações feitas pela investigação jornalística Luanda Leaks provocaram um verdadeiro tsunami em várias empresas em Portugal – NOS, Efacec e EuroBic -, mas também teve efeitos em Angola, como no BFA e na Unitel. A empresária já anunciou a sua saída da Efacec e do EuroBic.
  • DR Eneias Rodrigues/LUSA
24 Janeiro 2020, 14h30

Em menos de uma semana, as revelações feitas pela investigação jornalística Luanda Leaks já provocaram várias demissões em empresas participadas por Isabel dos Santos, como a NOS, Efacec e EuroBic. Em Angola, as revelações também estão a provocar réplicas em empresas como o Banco de Fomento de Angola (BFA) ou a operadora de telecomunicações Unitel.

A investigação do Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) fez várias revelações sobre os negócios da empresária angolana, a partir de 715 mil documentos. Esta operação contou com a participação de 6 meios de comunicação social de 20 países, incluindo o jornal Expresso e a televisão SIC em Portugal.

Na quinta-feira também foi conhecido que a petrolífera estatal Sonangol comprou à brasileira Oi a sua participação de 25% na Unitel por mil milhões de dólares. Isabel dos Santos detém 25% da telecom angolana através da Vidatel.

Nas suas declarações mais recentes, Isabel dos Santos disse que as “alegações que foram feitas contra mim nos últimos dias são extremamente enganosas e falsas. Vamos procurar clarificar a nossa posição em relação às últimas acusações. Sempre trabalhei dentro da lei e todas as minhas transações comerciais foram aprovadas por advogados, bancos, auditores e reguladores”.

24 de janeiro – Saída da Efacec

Esta sexta-feira foi anunciado que a empresária angolana vai deixar de sair acionista da empresa portuguesa Efacec. Com a saída de Isabel dos Santos, Mário Leite da Silva e Jorge Brito Pereira deixam de ser presidentes do conselho de administração e da assembleia geral, respetivamente.

“Isabel dos Santos informou o Conselho de Administração que decidiu sair da estrutura acionista da Efacec Power Solutions, com efeitos definitivos”, segundo comunicado da empresa.

A empresária angolana tornou-se acionista maioritária da Efacec em outubro de 2015 quando pagou 200 milhões de euros, através da sociedade Winterfell Industries, para passar a controlar a empresa. Os anteriores acionistas, grupos José de Mello e Têxtil Manuel Gonçalves (TMG), passaram então a ser acionistas minoritários.

24 de janeiro – Jorge Brito Pereira sai da sociedade de advogados Uría Menéndez-Proença de Carvalho 

Jorge Brito Pereira, advogado de Isabel dos Santos, está de saída da sociedade de advogados Uría Menéndez-Proença de Carvalho, avança hoje o jornal Eco, menos de uma semana depois das revelações feitas pelo Luanda Leaks.

“Face às informações publicadas nos últimos dias a propósito dos designados ‘Luanda Leaks’, sem qualquer admissão de culpa, entendi que, ouvidos alguns dos meus sócios, para não prejudicar o bom nome e a reputação da Uria Menéndez Proença de Carvalho, devia renunciar à minha condição de sócio com efeitos imediatos”, disse à Lusa o advogado, numa resposta por escrito.

Além de sair da sociedade, o advogado vai suspender a atividade profissional. “Como consequência imediata e necessária desta decisão, cessarei também o patrocínio jurídico à engenheira Isabel dos Santos e às sociedades que lhe estão associadas e, por isso mesmo, renunciarei, nos próximos dias, a todos os cargos que ocupava em órgãos sociais relacionados com as ditas sociedades”, afirmou.

Jorge Brito Pereira disse a 20 de janeiro que “nunca” teve qualquer relação com a Matter Business Solutions, empresa que recebeu cerca de 100 milhões de dólares da Sonangol por serviços de consultoria menos de 24 horas depois de Isabel dos Santos ter sido exonerada do cargo de presidente da petrolífera estatal angolana Sonangol, segundo a investigação Luanda Leaks do Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação (ICIJ).

“Foi emitida uma reportagem em que se refere, em mais que uma passagem, a propósito da sociedade Matter Business Solutions, que a mesma seria ‘controlada’ ou ‘administrada’ por mim. Não devo comentar publicamente matérias que estão sujeitas a sigilo profissional mas, neste ponto concreto, não posso deixar de assinalar que tal informação é em absoluto falsa”, disse esta semana, citado pela Lusa.

 

 

23 de janeiro – Mário Leite Silva renuncia à presidência do Banco de Fomento Angola

O presidente do Conselho de Administração do Banco de Fomento Angola (BFA) renunciou ao cargo nesta instituição. Mário Leite Silva, braço direito de Isabel dos Santos, foi nomeado para o cargo de presidente do BFA no início de 2017. A telecom Unitel detém 52% do banco angolano. Por sua vez, a empresa angolana de telecomunicações é detida em 25% pela Vidatel de Isabel dos Santos.

Mário Leite da Silva disse que a sua saída está relacionada com a exclusão da nova lista de administradores do banco aprovada em dezembro pela Unitel, segundo uma carta do gestor com data de 20 de janeiro, segundo a Lusa. A carta foi divulgada publicamente a 23 de janeiro; um dia antes o gestor foi constituído arguido em Angola devido ao Luanda Leaks.

22 de janeiro – Isabel dos Santos constituída arguida em Angola em conjunto com quatro portugueses

Isabel dos Santos foi constituída arguida na quarta-feira por alegada má gestão e desvio de fundos durante a passagem pela petrolífera estatal Sonangol.

Além da empresária, também foram constituídos arguidos quatro cidadãos portugueses: Sarju Raikundalia, ex-administrador financeiro da Sonangol: Mário Leite da Silva, gestor de Isabel dos Santos e presidente do Conselho de Administração do BFA; Paula Oliveira, amiga de Isabel dos Santos e administradora da NOS.

Também Nuno Ribeiro da Cunha, diretor do private banking do EuroBic em Lisboa, foi constituído arguido em Angola, mas o gestor foi encontrado morte na noite de quarta-feira em Lisboa.

22 de janeiro – Demissões na NOS

Três administradores não executivos da operadora de telecomunicações envolvidos no Luanda Leaks renunciaram na quinta-feira aos seus cargos: Mário Leite da Silva, Paula Oliveira e Jorge Brito Pereira, do cargo de presidente do conselho de administração, anunciou a empresa.

Um dia antes, Mário Leite da Silva, Paula Oliveira e Jorge Brito Pereira foram convocados pelo Comité de Ética e pela Comissão de Governo Societário da NOS para serem ouvidos na próxima segunda-feira, 27 de janeiro, segundo o Jornal de Negócios.

A empresária está presente na NOS via ZOPT, que por sua vez, detém 52,15% da empresa  de telecomunicações. A ZOPT é uma sociedade detida pela Sonaecom, do grupo Sonae, e pela Kento Holding Limited, controlada pela empresária angolana.

22 de janeiro – Isabel dos Santos sai do EuroBic

O banco EuroBic anunciou na quarta-feira que a empresária decidiu sair da estrutura acionista, onde detinha 42,5%.

“A operação de alienação da sua participação foi já iniciada, a qual, face à existência de interessados, tem assegurada a sua concretização a muito breve prazo, sujeita, nos termos da lei, à prévia autorização das autoridades competentes”, segundo comunicado do EuroBic.

O banco também anunciou que os “administradores não executivos que exercem funções na estrutura de gestão do Universo da Eng.ª Isabel dos Santos apresentaram a renúncia aos seus cargos no EuroBic com efeitos imediatos”: Vanessa Loureiro e Rui Carvalho Lopes, segundo o Expresso.

21 de janeiro – Líder de fiscalidade da PwC abandona cargo devido ao Luanda Leaks

Um dos parceiros da consultora PwC em Portugal anunciou na terça-feira que vai deixar de liderar o departamento de fiscalidade para Angola, Cabo Verde e Portugal.

Segundo avançou o Observador, o gestor disse que devido à ““seriedade das alegações do Luanda Leaks” decidiu sair do seu cargo. O gestor apontou que saiu do cargo não por algo relacionado com o seu trabalho, mas porque liderou um departamento que vai ser alvo de uma análise interna, devido ao caso Luanda Leaks.

20 de janeiro – Sonae diz-se preocupada com Luanda Leaks

A Sonae veio a público na terça-feira dizer que “está a acompanhar a situação com atenção e preocupação, sobretudo dadas as alusões feitas a vários membros não executivos do Conselho de Administração da sua participada NOS”.

Segundo o comunicado, “foi desde já garantido que os órgãos competentes da sociedade estão a avaliar a situação de forma rigorosa e com sentido de urgência. A NOS sempre se pautou por regras de governo societário exigentes, que vêm sendo estritamente cumpridas e continuarão a sê-lo”.

A Sonae “tudo fará para garantir que a empresa tem a estabilidade necessária para continuar a servir os seus diversos stakeholders e gerar valor para a economia portuguesa”, de acordo com a companhia presidida por Cláudia Azevedo.

20 de janeiro – Consultora PwC corta com empresária Isabel dos Santos

A PricewaterhouseCoopers (PwC) anunciou na segunda-feira que cessou os contratos de serviços a empresas controladas por Isabel dos Santos, depois das revelações feitas pelo Luanda Leaks.

“Nós esforçamo-nos para manter os mais altos padrões profissionais na PwC e estabelecemos expetativas de comportamento ético consistente por todas as empresas da PwC na nossa rede global. Em resposta às alegações muito sérias e preocupantes levantadas, iniciámos imediatamente uma investigação e estamos a trabalhar para avaliar minuciosamente os factos e concluir a nossa investigação”, segundo avançou a Lusa.

A consultora diz que tomou “medidas para encerrar qualquer trabalho em curso para entidades controladas por membros da família dos Santos”.

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