[weglot_switcher]

Israel: apesar das queixas internacionais, Netanyahu mantém intenção de atacar Rafah

O presidente norte-americano conversou com o primeiro-ministro israelita sobre o assunto, mas nem mesmo os conselhos do único país a apoiar Israel foram suficientes para demover Netanyahu.
Lusa
12 Fevereiro 2024, 07h30

Os negociadores que trabalham em um acordo-quadro faseado para garantir a libertação dos restantes reféns mantidos pelo Hamas em Gaza fizeram “progressos reais” nas últimas semanas, disse um alto funcionário do governo Biden citado pela imprensa israelita.

O acordo de libertação de reféns foi o principal foco de um telefonema de 45 minutos entre o presidente Joe Biden e o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu este domingo. Embora ainda houvesse algumas lacunas “significativas” a serem fechadas antes de um acordo ser possível, “está praticamente” conseguido, disse a mesma fonte.

No telefonema, Biden enfatizou que os Estados Unidos não apoiam uma operação militar israelita em Rafah, o último reduto do Hamas em Gaza, sem um plano para garantir a segurança dos civis. Cerca de 1,3 milhão de pessoas estão abrigadas na cidade mais a sul de Gaza.

Mas, segundo a imprensa israelita, os preparativos militares estão em andamento e nada parece travar a vontade do governo em avançar. Evidentemente que, dizem os analistas, a dimensão do ataque vai ter impacto direto no processo de negociação – dizendo as mesmas fontes que se a vida dos civis não for acautelada, o acordo deixará de ser possível.

Joe Biden, disse ao primeiro-ministro Benjamin Netanyahu que Israel não deve prosseguir com uma operação militar na densamente povoada cidade fronteiriça de Rafah. A ligação durou cerca de 45 minutos e foi a primeira conversa entre os dois desde que o presidente dos Estados Unidos disse que a resposta de Israel a Gaza foi “exagerada”.

O anúncio da conversa ocorre no momento em que autoridades egípcias disseram que o seu país ameaçou suspender o tratado de paz com Israel se enviar tropas para Rafah, onde o Cairo teme que os combates possam forçar o fecho da principal rota de fornecimento de ajuda do território sitiado.

A ameaça de suspender os Acordos de Camp David, pedra angular da estabilidade regional há quase meio século, surgiu depois de Netanyahu afirmar que o envio de tropas para Rafah é necessário para vencer a guerra contra o Hamas.

Mais da metade da população de Gaza, de 2,3 milhões de habitantes, fugiu para Rafah para escapar aos combates em outras áreas. Verdadeiramente amontoados em extensos acampamentos e abrigos administrados pelas Nações Unidas perto da fronteira, os palestinianos foram para ali, recorde-se, por imposição das tropas israelitas, que foram empurrando os habitantes de Gaza cada vez mais para sul, à medida que foram destruindo o enclave a partir do norte.

O Egipto teme um fluxo em massa de centenas de milhares de refugiados palestinianos que podem nunca ser autorizados a regressar ao enclave – afinal, o plano que parece ter sempre estado na mente pelo menos dos partidos mais extremistas que fazem parte do gabinete de crise criado depois de 7 de outubro.

Netanyahu insiste que a operação em Rafah prosseguirá, mas que conta abrir uma passagem segura para a população civil “para que eles possam sair”.

De acordo com um comunicado da Casa Branca, os dois líderes também discutiram “os esforços contínuos para garantir a libertação de todos os reféns restantes detidos pelo Hamas”, juntamente com o aumento da “produtividade e consistência” da ajuda humanitária aos civis de Gaza.

Tal como os Estados Unidos, uma parte da comunidade internacional tem vindo a alertar Israel para os perigos da iniciativa em Rafah – mas nada conseguiu ainda travar a vontade do governo de Israel.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.