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Israel: Benjamin Netanyahu começa a ser julgado por corrupção

O julgamento começou em 2020 e levou mais de 300 pessoas a depor, deixando a declaração de Netanyahu para novembro do ano passado, quando os ataques do Hamas impediram o desenvolvimento do processo.
Ronen Zvulun /Reuters
10 Dezembro 2024, 09h24

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, começa esta manhã a prestar depoimento em tribunal num processo em que é acusado de corrupção e que está a ser investigado desde 2019. A audição a Netanyahu esteve para ser adiada por razões de segurança, mas os juízes israelitas decidiram realizar a sessão em Telavive, numa câmara subterrânea.

A audiência para Netanyahu testemunhar deveria ter sido realizada em novembro de 2023, mas acabou por ser travada pela guerra na Faixa de Gaza, que tornou a aparição de Netanyahu um risco para a segurança nacional. Aliás, a equipa jurídica de Netanyahu alega que o julgamento poderá colocar a sua vida em risco, bem como a gestão da guerra e as tarefas de recuperação dos 96 reféns ainda em Gaza.

O primeiro-ministro vai responder por três casos de fraude, suborno e abuso de confiança por alegadamente receber presentes em troca de favores e por exercer pressão para conseguir uma imagem positiva da sua gestão nos meios de comunicação social, recorda a agência Lusa. Netanyahu negou repetidamente os factos.

O julgamento começou em 2020 e levou mais de 300 pessoas a depor, deixando a declaração de Netanyahu para novembro do ano passado O principal advogado de defesa de Netanyahu, Amit Hadad, já fez o discurso de abertura no Tribunal Distrital de Jerusalém antes do depoimento do primeiro-ministro, dizendo que o primeiro -ministro quer ter a oportunidade de apresentar o seu lado dos acontecimentos, “como aconteceram em tempo real e sem filtros”.

Hadad afirmou que há “numerosas lacunas e aspetos incomuns” na acusação em todos os três casos contra o primeiro-ministro e concentrou-se nas alegações do Caso 4000, no qual Netanyahu é acusado de fornecer ao então acionista maioritário do grupo de comunicação social Bezeq, Shaul Elovitch, benefícios regulatórios em troca de cobertura positiva dos média, nomeadamente no site de notícias Walla, que fazia parte do grupo. Netanyahu é acusado de suborno e fraude, bem como de quebra de confiança neste caso.

Hadad insiste que nunca houve qualquer acordo formal ou sequer diálogo entre Netanyahu e Elovitch e diz que a acusação não alega que tal acordo foi firmado, mas que foi um entendimento informal. “Não entendemos como Netanyahu pôde obter esse tratamento especial sem um acordo”, disse Hadad. E argumenta que outros políticos que receberam cobertura positiva em outros jornais após entrarem em contato com a equipa editorial não foram sujeitos a acusações criminais semelhantes.

Hadad também insiste que as alegações de suborno, fraude e quebra de confiança por meio de cobertura positiva da media são “uma construção” e afirma que “não existe suborno por meio de cobertura”.

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