As forças militares israelitas pararam 14 barcos que transportavam ativistas estrangeiros e ajuda humanitária com destino a Gaza, disseram os organizadores da flotilha esta quinta-feira, mas 23 barcos continuam a navegar em direção ao enclave palestiniano, de acordo com o sistema de rastreamento da organização. Um vídeo do Ministério das Relações Exteriores de Israel mostra a ativista climática sueca Greta Thunberg sentada num convés cercada por soldados – estando por isso detida, situação por que já tinha passado antes.
“Vários navios da flotilha Hamas-Sumud foram parados com segurança e os seus passageiros estão a ser transferidos para um porto israelita”, disse o Ministério das Relações Exteriores de Israel. “Greta e os seus amigos estão seguros e saudáveis.” A Flotilha Global Sumud era composta por mais 40 barcos civis com cerca de 500 parlamentares, advogados e ativistas, entre eles três portugueses. Vários deles disseminaram mensagens individuais onde exibiam os seus passaportes e alegavam que foram alvo de sequestro e levados para Israel contra sua vontade.
Com a Turquia, Espanha e Itália a enviarem barcos ou drones para o caso de os seus cidadãos envolvidos precisarem de assistência, a comunidade internacional acompanhou de perto o desenvolvimento da iniciativa. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia chamou o “ataque” de Israel à flotilha “um ato de terror” que colocou em risco a vida de civis inocentes. O gabinete do Procurador-Geral de Istambul disse que iniciou uma investigação sobre a detenção de 24 cidadãos turcos a bordo de navios da flotilha – que agora estuda a possibilidade de avançar com acusações que incluem privação de liberdade, apreensão de veículos de transporte e danos à propriedade, informou a agência de notícias estatal turca Anadolu.
O presidente colombiano, Gustavo Petro, ordenou a expulsão de toda a delegação diplomática de Israel na quarta-feira, após a detenção de dois colombianos na flotilha. Israel não tem um embaixador na Colômbia desde o ano passado. Citado pela agência Reuters, Petro considerou as detenções como um potencial “novo crime internacional” do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e exigiu a libertação dos colombianos. E suspendeu um acordo de livre comércio da Colômbia com Israel.
O primeiro-ministro da Malásia, Anwar Ibrahim, condenou a intercetação da flotilha por Israel, acrescentando que as forças israelitas detiveram oito malaios. “Ao bloquear uma missão humanitária, Israel mostrou total desprezo não apenas pelos direitos do povo palestiniano, mas também pela consciência do mundo”, disse Anwar, cujo país é predominantemente muçulmano, em um comunicado.
A intercetação da flotilha por Israel provocou protestos na Itália: os sindicatos italianos convocaram uma greve geral para sexta-feira em solidariedade com a flotilha de ajuda internacional.
A Marinha de Israel já havia alertado a flotilha para que estava a aproximar-se de uma zona de combate ativa e a violar um bloqueio legal, e pediu aos organizadores que mudassem de rumo – nada que não estivesse nos planos desde a primeira hora. Israel ofereceu-se para transferir qualquer ajuda pacificamente por meio de canais seguros para Gaza. Os barcos estavam a cerca de 70 milhas náuticas do enclave quando foram intercetados.
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